Astrônomos anunciaram nesta quarta-feira (17), em um estudo publicado na revista científica britânica Nature, a descoberta de um planeta do tamanho de Júpiter, mas que fica fora do Sistema Solar. Trata-se de um exoplaneta (ou planeta extrassolar), como são chamados aqueles que fazem sua órbita em torno de outras estrelas que não o Sol.
O exoplaneta recém-descoberto, batizado de CoRoT-9b em homenagem ao telescópio orbital francês que o avistou pela primeira vez em 2008, leva 95 dias para orbitar sua estrela, a CoRoT-9, situada 1.500 anos-luz da constelação de Serpens, a serpente. A título de comparação, o "nosso" Mercúrio leva 88 dias para orbitar o Sol.
Hans Deeg, cientista que chefiou as pesquisas e trabalha no Instituto de Astrofísica do arquipélago espanhol das Ilhas Canárias, diz que "esse é o primeiro planeta extrassolar que se assemelha aos planetas do nosso Sistema Solar". Com isso, os cientistas podem estudá-lo com maior profundidade, já que modelos que usamos para planetas que ficam perto de nós podem ser adaptados mais facilmente.
Mais de 400 exoplanetas foram detectados desde que o primeiro foi descoberto, em 1995. Para desapontamento dos que sonham com a possibilidade de se descobrir um novo lar para a espécie humana, nenhum deles demonstrou ser pequeno, rochoso e hidrófilo como o nosso. A maioria se parece mais com um "Júpiter quente", ou seja, uma grande bola gasosa tão próxima de seu Sol que a temperatura da superfície seria de 1.000ºC ou mais.
O CoRoT-9b, no entanto, é um gigante gasoso com uma massa correspondente a 80% da de Júpiter e é relativamente temperado, na comparação com outros exoplanetas, com uma temperatura entre 160ºC e -20ºC. Mais informações sobre o CoRoT-9b devem começar a fluir, pois ele é um dos 70 exoplanetas que têm sido acompanhados de perto porque transitam diretamente entre a estrela e o telescópio.
Este alinhamento significa que a luz da estrela passa diretamente pela atmosfera do planeta, gerando dados-chave sobre o seu tamanho e composição química. No caso do CoRoT-9b, o trânsito leva cerca de oito horas, dando uma oportunidade única para os astrônomos.
Nos primórdios da busca por exoplanetas, os planetas que apareciam ou eram muito quentes ou circundavam suas estrelas em órbitas muito excêntricas. Mas, à medida que os pesquisadores foram ganhando experiência e melhores ferramentas, eles se mostraram cada vez mais capazes de localizar planetas com características que parecem similares àquelas do "nosso próprio quintal".