A presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Ana Arraes, determinou nesta quarta-feira (9) o afastamento, por 60 dias, do auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, apontado como responsável pela elaboração de um estudo paralelo que questiona o número de mortes por Covid no Brasil.
Ana Arraes também determinou a abertura do processo administrativo disciplinar para investigar o auditor e o encaminhamento de pedido à Polícia Federal para que apure o caso.
Usado por Bolsonaro
Pedido de corregedor
As determinações da presidente do TCU atendem a pedidos feitos mais cedo nesta quarta pelo corregedor do TCU, ministro Bruno Dantas.
Segundo Dantas, as informações obtidas até agora mostram que Alexandre "pode ter utilizado de sua função de supervisor para tentar inserir no trabalho documento que não guardava relação com o objeto da fiscalização, uma vez que adveio de um estudo paralelo feito pelo próprio servidor, sem respaldo dos demais membros da equipe, em flagrante quebra dos normativos internos".
Auditoria
O trabalho a que o corregedor se refere é uma auditoria do TCU que, em um trecho aponta que "utilizar a incidência de Covid-19 como critério para transferência de recursos, com base em dados declarados pelas Secretarias Estaduais de Saúde, pode incentivar a supernotificação do número de casos da doença, devendo, na medida do possível, serem confirmados os dados apresentados pelos entes subnacionais."
O trabalho, entretanto, não diz que os números apresentados pelos estados estão inflados.
Dantas destacou ainda como um "agravante" o fato de o servidor ter sido formalmente indicado pelo governo Bolsonaro para ocupar cargo de diretor no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), não tendo assumindo porque a presidência do TCU não autorizou sua cessão.