Os passageiros da TAM e da Webjet enfrentaram mais um dia de transtorno nos aeroportos. Dos 611 voos domésticos da TAM agendados para decolar até 17h, 178 atrasaram (29,2%), de acordo com informações da Infraero. Na operação internacional, a situação é ainda mais grave ? quase metade dos voos partiu depois do horário previsto. Na Webjet, o índice de atrasos chega a 35,8%.
Esse é o terceiro dia consecutivo que a TAM apresenta índices de pontualidade piores do que suas concorrentes. Na terça-feira, os atrasos atingiram mais da metade dos voos da empresa.
Um dos passageiros prejudicados foi Frederico Ferrannini, diretor de uma rede de supermercados norueguesa, que perdeu o voo para Oslo porque não conseguiu embarcar de Porto Alegre para o aeroporto de Guarulhos ontem à tarde. Ferrannini deveria sair de Porto Alegre em um voo da TAM às 13h15, mas ficou no aeroporto da cidade até 19h30. Seu voo foi remarcado para hoje e ele chegará na Noruega um dia depois do previsto. ?Eles não disseram em nenhum momento porque o voo atrasou. Eu queria ter ido pra São Paulo ontem, mas não deixaram ninguém que faria conexão embarcar, porque não tinha espaço para todos os passageiros. Com certeza foi overbooking?, disse Ferrannini.
Por conta deste atraso, o executivo precisou remarcar oito reuniões que teria amanhã na Noruega. Ele voltará a Porto Alegre em fevereiro, mas vai evitar aeroportos brasileiros e companhias nacionais. ?Vou até Montevidéu e de lá pego um voo da Pluna até Porto Alegre?, disse.
Efeito cascata
Em nota, a TAM informou que um ?conjunto de fatores dificultou a operação na volta do feriado?. Entre as causas, a empresa citou condições meteorológicas negativas e a falta de tripulantes e funcionários de rampa. A empresa, no entanto, negou que os trabalhadores da companhia iniciaram uma mobilização, na qual rejeitam fazer horas extras e aceitar mudanças nas escalas. A TAM ressaltou que seus índices de pontualidade estão melhores e que caminham para a normalidade.
Já a Webjet atribuiu as falhas ao ?excesso de tráfego aéreo e ao acúmulo de passageiros nos aeroportos?.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mantém uma equipe de fiscais na base operacional de todas as companhias aéreas durante a operação especial de fim de ano, que se encerra na sexta-feira.
Para o especialista em aviação Respicio do Espírito Santo, professor de Transporte Aéreo da UFRJ, é impossível evitar atrasos de voos nas companhias aéreas durante o fim de ano. ?As malhas de voos são muito ajustadas. Se qualquer aeroporto fechar, mesmo que por pouco tempo, teremos um efeito cascata em todos os voos da empresa.? As faltas da tripulação também podem ter contribuído para os atrasos de voos, segundo o especialista.
As companhias aéreas costumam maximizar o uso das aeronaves, com ajustes nas rotas. Ou seja, para realizar um voo de São Paulo para Porto Alegre, por exemplo, elas dependem de uma aeronave que vai chegar de outro aeroporto. Se houver atraso no voo anterior, todas as rotas são afetadas. ?As malhas apertadas são positivas, porque são elas que permitem a redução do preço das passagens. Mas, em caso de falhas pontuais, o problema se torna generalizado?, diz Espírito Santo.