Uma sucuri, símbolo do Pantanal, foi encontrada carbonizada após tentar escapar dos incêndios que assolam o bioma. O trágico registro foi feito pela equipe de jornalismo da TV Morena na região da Estrada Parque, próxima a Miranda (MS), na quarta-feira (19). Além da sucuri, outras cobras menores foram vistas esturricadas ao longo do caminho, vítimas das chamas que já consumiram mais de 500 mil hectares.
MOBILIDADE LIMITADA
Especialistas apontam que as serpentes, devido à sua mobilidade limitada, são particularmente vulneráveis aos incêndios. O biólogo Guilherme Figueirôa, da ONG SOS Pantanal, explicou que as cobras, ao perceberem o fogo, frequentemente já estão cercadas pelas chamas, tornando impossível uma fuga segura.
"As cobras morrem primeiro por questão da mobilidade. As serpentes têm uma mobilidade menor do que os mamíferos maiores, por exemplo. Quando as cobras percebem o fogo, as chamas já estão próximas. Já é tarde para que as serpentes iniciem a fuga", explica Figueirôa. Lagartos, jacarés e anfíbios também são severamente afetados, aumentando a devastação na fauna pantaneira.
SITUAÇÃO CRÍTICA
A situação crítica é evidenciada pelo crescente número de animais carbonizados e pela destruição das paisagens antes exuberantes do Pantanal. O cenário alarmante reflete o pior índice de queimadas registrado para junho desde o início do monitoramento, em 1998.
NÚMEROS ALARMANTES
As queimadas nos seis primeiros meses de 2024 já são 8% maiores em comparação com 2020, segundo revelam os dados disponibilizados pelo Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Há meses, especialistas alertaram para uma temporada de fogo devastadora.
OCORRÊNCIAS
O ano de 2020 foi, até então, o pior ano para o Pantanal. De acordo com especialistas, cerca de 26% do bioma foi consumido pelo fogo durante vários meses, afetando pelo menos 65 milhões de animais vertebrados nativos e 4 bilhões de invertebrados, segundo especialistas ouvidos pelo g1.