O aterro sanitário de Teresina abriga milhares de famílias que dependem do espaço para comer. Nesse contexto de sofrimento em meio aos restos, o alimento precisa ser para o corpo e para a alma. Essa é a premissa da Sociedade Espírita João Nunes Maia, que faz um trabalho de amplo acolhimento a estas famílias assistidas pela instituição. Somente em 2021, foram distribuídas mais de 5 mil cestas básicas.
A Sociedade Espírita João Nunes Maia funciona como um porto seguro para toda essa gente. Em razão da pandemia, muitos serviços estão parados, mas a ideia da instituição é prestar acolhimento integral, desde às crianças até aos adultos que precisam do centro de acolhimento que existe na instituição.
A pandemia do novo coronavírus, no entanto, foi ainda mais avassaladora para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Pensando nisso, o Centro distribuiu 500 cestas básicas apenas na última sexta-feira (28). “Esse Centro Espírita são nossas mães e pais. Eles ajudam com tudo que a gente precisa. Eles ajudam de todas as formas. Desde com a creche à distribuição de comida. Com a pandemia, ficou difícil conseguir emprego. Então dependemos do aterro sanitário”, afirma Kariane Francisca, de 30 anos, mãe do pequeno Eduardo Vitor, de três.
As mães são as principais beneficiadas. Luana Cristina, de 24 anos, é mãe de Luan Cristian, de sete anos de idade. Ela também depende da ajuda da sociedade para manter a família. “Estou desempregada, então aqui é a ajuda que nós temos durante esse período difícil. Meu filho é especial, tem paralisa cerebral, então a ajuda é muito válida”, ressalta.
Camille diz que se alimenta através da ajuda do Centro Espírita
Camille da Silva tem 18 anos e é mãe do Braian Heitor, de apenas nove meses. Ela conta que com a ajuda do Centro Espírita é possível ter segurança alimentar em casa. “É a certeza que vamos ter o que comer”, revela.
Milhares de pessoas são beneficiados de forma direta e indireta
De acordo com Ewany Oliveira, presidente da Sociedade Espírita João Nunes Maia, são muitas famílias beneficiadas pelo projeto, que tem crescido ano após ano com a chegada de novos parceiros, como o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Além do pessoal da zona Sul, outras comunidades também são assistidas. “Nós atendemos a comunidade que vive próxima ao lixão. Cerca de 80% são catadores de lixo. Começamos entregando uma, duas cestas. Mas recebemos cestas da Fundação e da Fraternidade Sem Fronteiras. Nós atendemos mais de 800 cadastros de famílias. Aqui na Vila São Francisco Sul e na Vila Dagmar Mazza, além da Associação Isabel de Jesus, com 130 famílias cadastradas na zona Leste, além de 80 no Assentamento Comunidade Poção e Angolar”, contabiliza Ewany.
Ewany afirma que a instituição cresce com os novos parceiros
O foco agora é matar a fome. “Há mais de sete anos que entregamos cestas básicas para as famílias do lixão. Temos três frentes: assistência social, educação e religião. Então temos a creche, que já teve convênio com a prefeitura, além de um centro de convivência do município. As cestas são um reforço. Entregamos mais de 600 cestas, porque tem mais sendo entregue nas outras unidades. Precisamos levar comida para a mesa dessa gente”, afirma Benilton Ponte, vice-presidente da instituição.
Benilton diz que as cestas básicas são entregues há sete anos
A pandemia trouxe a desocupação e o desemprego, o que atrapalha o desenvolvimento das famílias. “Quando a gente dava uma cesta básica que dava um mês, agora dá uma semana. Então as famílias que recebiam uma, agora recebem duas, três. A crise está afetando muito as famílias mais pobres. O desemprego também. A necessidade do alimento aqui é demais”, considera Benilton.
Em 2020 foram distribuídas mais de 13 mil cestas. “A gente faz isso com muito amor. Aqui a orientação é não sair sem nos alimentar ou levar uma coisa. E nós também contamos com a ajuda de particulares, que chegam com cinco ou seis cestas, ou mesmo um quilo de feijão”, finaliza o vice-presidente.