O aterro sanitário de Teresina abriga milhares de famílias que dependem do espaço para comer. Nesse contexto de sofrimento em meio aos restos, o alimento precisa ser para o corpo e para a alma. Essa é a premissa da Sociedade Espírita João Nunes Maia, que faz um trabalho de amplo acolhimento a estas famílias assistidas pela instituição. Somente em 2021, foram distribuídas mais de 5 mil cestas básicas.
A Sociedade Espírita João Nunes Maia funciona como um porto seguro para toda essa gente. Em razão da pandemia, muitos serviços estão parados, mas a ideia da instituição é prestar acolhimento integral, desde às crianças até aos adultos que precisam do centro de acolhimento que existe na instituição.
As mães são as principais beneficiadas. Luana Cristina, de 24 anos, é mãe de Luan Cristian, de sete anos de idade. Ela também depende da ajuda da sociedade para manter a família. “Estou desempregada, então aqui é a ajuda que nós temos durante esse período difícil. Meu filho é especial, tem paralisa cerebral, então a ajuda é muito válida”, ressalta.
Camille diz que se alimenta através da ajuda do Centro Espírita
Camille da Silva tem 18 anos e é mãe do Braian Heitor, de apenas nove meses. Ela conta que com a ajuda do Centro Espírita é possível ter segurança alimentar em casa. “É a certeza que vamos ter o que comer”, revela.
Milhares de pessoas são beneficiados de forma direta e indireta
De acordo com Ewany Oliveira, presidente da Sociedade Espírita João Nunes Maia, são muitas famílias beneficiadas pelo projeto, que tem crescido ano após ano com a chegada de novos parceiros, como o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Além do pessoal da zona Sul, outras comunidades também são assistidas. “Nós atendemos a comunidade que vive próxima ao lixão. Cerca de 80% são catadores de lixo. Começamos entregando uma, duas cestas. Mas recebemos cestas da Fundação e da Fraternidade Sem Fronteiras. Nós atendemos mais de 800 cadastros de famílias. Aqui na Vila São Francisco Sul e na Vila Dagmar Mazza, além da Associação Isabel de Jesus, com 130 famílias cadastradas na zona Leste, além de 80 no Assentamento Comunidade Poção e Angolar”, contabiliza Ewany.
Ewany afirma que a instituição cresce com os novos parceiros
O foco agora é matar a fome. “Há mais de sete anos que entregamos cestas básicas para as famílias do lixão. Temos três frentes: assistência social, educação e religião. Então temos a creche, que já teve convênio com a prefeitura, além de um centro de convivência do município. As cestas são um reforço. Entregamos mais de 600 cestas, porque tem mais sendo entregue nas outras unidades. Precisamos levar comida para a mesa dessa gente”, afirma Benilton Ponte, vice-presidente da instituição.
Benilton diz que as cestas básicas são entregues há sete anos
A pandemia trouxe a desocupação e o desemprego, o que atrapalha o desenvolvimento das famílias. “Quando a gente dava uma cesta básica que dava um mês, agora dá uma semana. Então as famílias que recebiam uma, agora recebem duas, três. A crise está afetando muito as famílias mais pobres. O desemprego também. A necessidade do alimento aqui é demais”, considera Benilton.
Em 2020 foram distribuídas mais de 13 mil cestas. “A gente faz isso com muito amor. Aqui a orientação é não sair sem nos alimentar ou levar uma coisa. E nós também contamos com a ajuda de particulares, que chegam com cinco ou seis cestas, ou mesmo um quilo de feijão”, finaliza o vice-presidente.