A dona de casa Sheila Beatriz Alves Esteves reconheceu, na noite desta terça-feira (13), o corpo do tio, Selmo de Almeida Alves, que morreu na quarta-feira (6), num deslizamento de terra no Morro do Bumba, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Funcionário da companhia de limpeza pública de Niterói, Selmo trabalhava como vigia no alto do morro na noite da tragédia.
Na noite de quarta-feira (6), moradores do Morro do Bumba foram atingidos por um deslizamento de terra. Cerca 50 casas teriam sido atingidas. O desabamento, considerado o maior da história de Niterói, segundo a prefeitura, deixou, 44 mortos e dezenas de feridos.
Outros parentes de vítimas do deslizamento também foram à base do Instituto Médico Legal (IML), montada no Morro do Bumba, para fazer o reconhecimento dos corpos. Após análise das digitais e da arcada dentária, Sheila teve a certeza de que um deles era do seu tio.
Aos prantos, ela disse que o tio ajudou a salvar a vida do entregador de pizzas Paulo Roberto, de 22 anos: ?Paulo saiu para entregar as pizzas e comprar cigarros do Selmo. Ele era um homem muito bom, e até no fim ajudou a salvar vidas?, disse Sheila.
O entregador de pizzas Paulo Roberto perdeu os pais e o irmão no deslizamento. Selmo, que não era morador do Morro do Bumba, foi atingido pelo deslizamento enquanto trabalhava como vigia de uma das escavadeiras que auxiliavam nas buscas às vítimas de um outro deslizamento, ocorrido na madrugada do dia 6.
Buscas continuam
Bombeiros resgataram na tarde desta terça-feira (13) mais um corpo entre os escombros no Morro do Bumba. Familiares acreditam que o corpo encontrado seja do pedreiro Sebastião de Jesus Geremias, de 62 anos.
Tião, como é conhecido, ficou soterrado por sete dias. A esposa do pedreiro, Olinda da Silva Geremias, contou que, na madrugada do dia 6, quando ocorreu o primeiro deslizamento na comunidade, o muro de uma casa vizinha desabou. Com receio do desmoronamento, a família deixou a residência, mas, no meio do caminho, Sebastião resolveu voltar para buscar os documentos. Instantes depois, algumas casas deslizaram sobre o pedreiro.
Moradores do Morro do Bumba começaram as buscas com auxilio de enxadas. Segundo a família, os bombeiros iniciaram o resgate no dia seguinte.