Subiu para 66 o número de mortos na explosão de um oleoduto da empresa estatal Petróleos Mexicanos (Pemex) na sexta-feira (18), no estado central de Hidalgo, no México, informou o governo local. Pelo menos 76 pessoas ficaram feridas.
Mais cedo, o governo havia divulgado que 21 pessoas haviam morrido. Entre as vítimas, há dois adolescentes de 15 anos e uma criança de 2 anos, segundo a agência Efe.
O acidente ocorreu no final da tarde, no município de Tlahuelilpan, quando dezenas de pessoas aproveitavam um vazamento no local para transportar o combustível em baldes e vasilhas.
"Nos comunicaram este trágico acidente, onde há muitas pessoas queimadas, que estavam no local tentando coletar combustível que escapou por um vazamento", explicou o governador Omar Fayad, em entrevista aos canais de televisão "Milenio" e "Foro TV".
Muitos dos feridos sofreram queimaduras graves, e existe o temor que haja mais corpos carbonizados perto do duto. O prefeito do município, Juan Pedro Cruz, disse aos jornalistas locais que o vazamento teve início às 17h (horário local, 23h de Brasília). Militares do Exército tentaram isolar a área, mas não conseguiram controlar as cerca de 200 pessoas que haviam invadido o local para pegar o combustível.
Ele disse que os militares pediram aos moradores que deixassem a área, mas eles não prestaram atenção e a tragédia aconteceu. Quando explodiu, o combustível criou uma espécie de barreira de fogo onde estava concentrada grande parte das pessoas. O incêndio foi controlado pouco antes da 0h (hora local), o que permitirá a remoção dos corpos carbonizados e confirmação do número total de mortos e feridos, informou o secretário de Segurança Pública, Alfonso Durazo.
Roubo de combustíveis
O acidente ocorreu em um momento em que vários estados mexicanos sofrem com problemas de escassez de combustível, devido a uma onda persistente de roubo de combustíveis, um delito frequente que provocou um prejuízo de cerca de US $ 3 bilhões ao Estado mexicano em 2017. As autoridades registraram, naquele ano, mais de 10.000 perfurações para roubo de gasolina nos oleodutos da Pemex.
Algumas gangues e famílias de renda modesta roubam petróleo para revenda no mercado paralelo, especialmente no estado de Puebla (centro), onde o fenômeno é conhecido como "Huachicol". Nas últimas duas semanas, o governo fechou vários oleodutos para impedir esses roubos. Mas essa estratégia provocou escassez de combustível em uma dezena de estados do país, incluindo a capital, onde os motoristas passaram a fazer longas filas nos postos de gasolina.
O banco mexicano Citibanamex estimou os custos dessa escassez para a economia mexicana em cerca de US$ 2 bilhões, "se as condições voltarem ao normal nos próximos dias". Em torno desta prática ilegal desenvolveu-se uma cultura local com canções populares e figuras religiosas carregando uma lata e uma mangueira de plástico para aspirar o combustível.
Em algumas áreas, os postos de gasolina distribuem o produto roubado. André Manuel Lopez Obrador, que assumiu o cargo em 1º de dezembro, pediu aos mexicanos que sejam pacientes com essa situação caótica. Com esse novo incêndio em Tlahuelilpan, várias pessoas culparam a escassez de gasolina pela tragédia.
Segundo as autoridades, os criminosos contam com a cumplicidade de funcionários da Pemex. Lopez Obrador disse na semana passada que o ex-chefe de segurança da empresa estava atualmente sob investigação por roubo de combustível.