Sistema de Vigilância da Amazônia não rastreia aviões de traficantes no País

Sistema de Vigilância da Amazônia não rastreia aviões de traficantes no País

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O Sistema de Vigil?ncia da Amaz?nia (Sivam) foi criado em 1997 para que a Aeron?utica pudesse monitorar o espa?o a?reo da Amaz?nia. O governo investiu 1,7 bilh?o de d?lares para que o sistema fosse capaz de controlar as rotas de jatos comerciais, o percurso de aeronaves militares, detectar avi?es de traficantes e contrabandistas que entram no pa?s, mensurar a devasta??o ambiental e at? mesmo levar telefone a povoados isolados.

Em 2002, os dados dos seus radares passaram a ser partilhados pelo Cindacta 4, que cuida do tr?fego a?reo no norte do pa?s, e pelo Sistema de Prote??o da Amaz?nia (Sipam), que monitora as florestas. A confiabilidade do Sivam foi colocada em xeque pela primeira vez h? dez meses, quando o v?o 1907 da Gol colidiu com o jato Legacy.

As investiga?es mostraram que, embora o sistema n?o tivesse contribu?do para a ocorr?ncia, havia buracos negros no c?u da Amaz?nia ? ?reas que os radares n?o alcan?am. Desde ent?o, VEJA visitou seis instala?es do Sivam, entrevistou controladores de v?o, militares, pilotos, reuniu fotografias, grava?es e documentos confidenciais sobre o sistema. A conclus?o a que se chega a partir desse material ? estarrecedora: o Sivam ? incapaz de vigiar a Amaz?nia.

O sistema n?o opera em condi?es minimamente aceit?veis para a avia??o comercial nem para fins militares. Seus radares sofrem panes constantes. Quando isso acontece, as telas mostram avi?es que n?o existem e informam de forma errada o rumo e a velocidade das aeronaves que est?o, de fato, no espa?o a?reo. Um relat?rio da Aeron?utica obtido por VEJA revela que, no in?cio da d?cada, essas panes eram toleradas, porque "poucas aeronaves voavam na regi?o". Desde ent?o, o tr?fego a?reo aumentou e a freq??ncia das falhas tamb?m.

Um exemplo do risco pelo qual passam as pessoas que sobrevoam a Amaz?nia ? o epis?dio ocorrido em 27 de mar?o ?ltimo, na sede do Cindacta 4, em Manaus. Por vinte segundos, o console de controle de v?os indicou que um Airbus A330 da TAM havia colidido no ar com um Boeing 737-800 da Gol entre as cidades de Sinop, em Mato Grosso, e Cachimbo, no Par?. Antes de indicar o desastre, o sistema apontou mais de 100 mudan?as repentinas de velocidade, proa e altitude, como se os jatos fizessem acrobacias. Todas as informa?es eram falsas, inclusive a do acidente. Mas, quando o alarme soou, o controlador de v?o que monitorava os avi?es entrou em choque.

"O perigo est? em um controlador ignorar um perigo real, devido ? constante sinaliza??o de alarmes falsos", alerta o documento do Comando da Aeron?utica.

Em 19 de abril, menos de um m?s depois, o sistema voltou a entrar em colapso. Dos 25 radares da Amaz?nia, dezesseis apresentavam falhas graves. Os defeitos foram expostos em uma reuni?o dos controladores de v?o do Cindacta 4. Um deles filmou o encontro (assista em www.veja.com.br/videos). Em situa?es em que os equipamentos n?o funcionam, como naquele dia, o Sivam (que, lembre-se, custou 1,7 bilh?o de d?lares) entra no que se chama "opera??o n?o-radar": os avi?es passam a sobrevoar a Amaz?nia quase que completamente ?s cegas e s?o guiados apenas por r?dio. Essas falhas no sistema de controle a?reo t?m as causas mais variadas, que v?o desde a falta de regulagem dos radares at? as fortes chuvas que atingem a regi?o e interferem na transmiss?o de dados.

Al?m dos riscos que oferece ? avia??o comercial, o Sivam ? completamente ineficiente para fins de defesa a?rea. Os radares n?o s?o capazes de acompanhar a rota de aeronaves que trafegam abaixo de 3.000 metros. Nessa altitude, os avi?es s? s?o detectados se voarem sobre os radares. Isso ocorre porque a ?rea de cobertura dos radares t?m amplitude restrita (veja o quadro). Como monomotores e bimotores, os avi?es preferidos por traficantes e contrabandistas, geralmente voam em baixa altitude, o sistema n?o consegue flagrar o tr?nsito de mercadorias il?citas na Amaz?nia.

O major-brigadeiro ?lvaro Pinheiro da Costa, vice-diretor do Departamento de Controle de

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