Com a mesma naturalidade com que afirma ter matado 43 pessoas nos últimos nove anos, Sailson José das Graças admitiu que seus próximos alvos já estavam marcados para morrer. A agentes da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, o homem, preso na madrugada da última quarta-feira, contou que sua companheira, Cleusa Balbina, escrevia os nomes das pessoas que queria que Sailson matasse numa lista. Os nomes que encabeçam o pedaço de papel eram os de Raimundo Basílio da Silva, Fátima Miranda, Paulo Vasconcellos e Francisco Carlos Chagas - mortos nos últimos dois meses.
- A Cleusa exercia uma influência muito forte sobre ele. Todas as pessoas com quem tinha qualquer tipo de problema, ela pedia a Sailson para “resolver”. No depoimento, ele disse que essa lista existia, mas não a achamos quando fizemos a busca na casa em que eles viviam - afirmou o delegado Marcelo Machado, responsável pelo caso.
Cleusa e Sailson não levavam uma vida a dois tradicional. Sob o mesmo teto do casal, uma pequena casa em Corumbá, Nova Iguaçu, morava também um ex-marido dela, José Messias - preso com os dois por participação nos crimes. E, em troca de cama, comida e roupa lavada, Sailson afirmou à polícia que tinha que matar as pessoas com quem Cleusa e José Messias tinham “problemas”.
Em 23 de outubro, Cleusa teria cismado que Francisco Carlos Chagas, com quem também se relacionava, teria roubado seu celular. Horas depois, o homem foi encontrado morto a facadas. Duas semanas depois, a mulher não perdoou Paulo Vasconcellos, que não teria devolvido R$ 40 reais que Cleusa havia emprestado. Paulo teve o mesmo fim que Francisco. Sailson confessou os dois crimes. Para a polícia, nesses casos, Cleusa foi a mandante e mentora intelectual das mortes.
No caso de Raimundo Basílio da Silva, morto em 30 de novembro, Cleusa pode ter tido uma participação maior no crime: de acordo com o relato de Sailson a agentes da DHBF, a mulher chegou a empurrar o homem, de 60 anos, em direção ao facão que seu companheiro segurava.
Por mais violento que fosse o crime, o trio não se preocupava em ser discreto. Quando Sailson, Cleusa e José Messias foram presos, estavam num bar em Corumbá, onde anunciavam para quem quisesse ouvir que haviam acabado de matar Fátima Miranda. A conversa foi interrompida depois que agentes da DHBF anunciaram a prisão em flagrante.sequência de mortes