O Senado dos EUA aprovou, neste sábado, um pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão, uma das medidas centrais da estratégia do governo de Joe Biden para enfrentar a pandemia do novo coronavírus. O plano tem alterações em relação ao texto aprovado pela Câmara na semana passada, e por isso terá que retornar à Casa antes de ser sancionado por Biden. Foram 50 votos a favor e 49 contra, divididos em linhas partidárias, com democratas defendendo a proposta e republicanos a rejeitando.
Logo depois da aprovação, o presidente Joe Biden, principal apoiador da medida, declarou que ela "põe os EUA no caminho para derrotar o vírus", apostando em uma aprovação rápida e sem problemas na Câmara. Na Casa Branca, o presidente afirmou ainda que o pagamento de um auxílio de US$ 1,4 mil a boa parte dos americanos pode começar a ser feito ainda em março, e que o dinheiro do plano vai ajudar na produção e distribuição de vacinas.
A votação foi marcada por manobras da minoria republicana para atrasar ao máximo a decisão final. Elas consistiram em dezenas de emendas, que precisam ser votadas uma a uma, além de uma moção na quinta-feira exigindo que as 628 páginas do projeto fossem lidas em plenário, uma tarefa que levou quase 11 horas para ser concluída.
Já na sexta-feira, o impasse em torno do voto crucial de um senador democrata, Joe Manchin, no trecho sobre os benefícios a desempregados, também atrasou o processo por muitas horas. Ele ameaçou votar com os republicanos, que defendiam um valor menor para o aumento emergencial no benefício (US$ 300, ao invés de US$ 400), além de um prazo igualmente reduzido para esse adicional — se tivesse se unido à oposição, seria mais uma mudança crucial no projeto. Após uma longa série de negociações, o aumento no seguro-desemprego ficou em US$ 300, mas o prazo de pagamento até setembro foi mantido.
Essa estratégia é uma espécie de tradição em votações do tipo no Senado, e, embora tenha poucas chances de sucesso no resultado, pode enfraquecer algumas posições governistas e mesmo obter concessões inesperadas. No caso da votação do estímulo, ela serviu apenas para atrasar o processo e talvez garantir material para ser usado em propagandas políticas dos envolvidos.
Ao final da sessão, os senadores estavam exaustos depois de uma maratona iniciada na quinta-feira à noite, e que varou duas madrugadas até que o plano defendido por Biden fosse aprovado, embora com algumas alterações em relação ao plano original e à proposta da Câmara.