Sem médicos, hospital referência em infectologia fecha urgência em Maceió

Hospital Referência em infectologia tem crise agravada por falta de profissionais e deixa de atender pacientes em crise

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Pacientes com Aids, tuberculose e outras doenças infectocontagiosas deixaram de receber atendimento desde a última sexta-feira (1º) no pronto-atendimento de urgência do Hospital Escola Hélvio Auto, o antigo HDT. Com uma equipe reduzida, composta por sete médicos efetivos, o setor de urgência necessitaria de pelo menos o dobro de profissionais para funcionar sem comprometer o atendimento do restante do hospital.

O problema se agrava ainda mais porque dos sete contratados, quatro médicos se afastaram do hospital, inviabilizando os plantões, como explica a diretora médica do Hélvio Auto, Luciana Pacheco.

?Estamos com dificuldade para realizar os plantões e no atendimento de urgência porque falta médico. Temos sete deles efetivos, mas dois se aposentaram, um está de licença médica e o quarto está fazendo mestrado. Essa situação, porém, não é nova. Desde o ano passado, tentamos achar uma saída para esse problema?, declarou Luciana Pacheco.

A diretoria do Hélvio Auto ainda lembrou a dificuldade de se encontrar médico infectologista disponível no mercado porque, segundo ela, os salários dos hospitais não atraem os profissionais.

?Recentemente, fizemos um PSS [Processo Seletivo Seriado] e colocamos 22 vagas à disposição dos médicos, mas somente cinco foram preenchidas, justamente porque os salários não atraem para a especialidade de infectologista. Sem número médico suficiente, ficamos apenas com dois médicos nos plantões durante a semana e um no fim de semana. Dessa forma, não temos como atender a demanda diária?, explicou Luciana Pacheco. A diretora explicou que o ideal seriam dois médicos por turno e dois nos sábados e domingos.

Para se ter ideia da gravidade da situação, segundo Luciana Pacheco o Hélvio Auto atende 90% dos casos de meningite, leptospirose, e é o único habilitado para receber e tratar de pacientes com o vírus do HIV. Até agora, o Hélvio Auto já atendeu mais de 800 casos de tuberculose e tem rotina diária de 80 pacientes com suspeita ou portador de doença infectocontagiosa.

?Não é um atendimento fácil e rápido de fazer como uma fratura, por exemplo, ou uma dor de cabeça que o médico dá o remédio e envia o paciente para casa. Aqui, a gente recebe o paciente com alguma suspeita de doença infecciosa, fazemos o exame para diagnosticar a causa. Constatado o mal, passamos a cuidar do paciente. Se eu tenho apenas um médico no plantão atendendo um doente internado, e ele recebe o chamado de que outro está convulsionando, o profissional fará o quê? Escolhe quem vai viver??, denuncia Luciana Pacheco.

Hospital tentou parceria com Sesau e SMS

Sem médicos suficientes para os plantões no hospital, a saída é encontrar meios para contratar novos profissionais infectologistas. No começo do ano, a diretoria do Hélvio Auto discutiu o assunto com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesau) e com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mas nada foi resolvido. Em agosto, os órgãos de saúde do Estado voltaram a tratar da realidade do hospital, mas o impasse permaneceu e se arrastou até o ponto de a urgência do Hélvio Auto ser fechada por falta de médico.

?A Sesau não nos deu uma saída porque alega que não há médico suficiente em outras unidades hospitalares do Estado para remanejá-los para o Hélvio Auto. Já na SMS, esperávamos que a secretaria de Maceió pudesse convocar os médicos do último concurso, que foram aprovados, mas não na quantidade de vagas para assumir os cargos no Município, porém isso não aconteceu. Por tudo isso, o pronto-atendimento será fechado?, reiterou Luciana Pacheco.

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