A greve de professores das insitutições federais de ensino superior completa nesta terça-feira (17) dois meses, com governo e docentes em um impasse: os ministérios do Planejamento e da Educação apresentaram uma proposta de reajuste salarial; já o principal sindicato que representa a categoria, o Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), diz que ela não atende às demandas da categoria e pede sua rejeição.
A paralisação atinge 58 das 59 federais -a única que não aderiu foi a UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
A próxima reunião com o governo está marcada para o próximo dia 23. Além disso, o Andes recomendou a radicalização das ações da greve, ?ampliando a paralisação?. Os sindicatos filiados a ele têm até sexta-feira (20) para enviar ao Andes os resultados das assembleias locais para, a partir daí, ser construída uma posição unificada.
A proposta prevê mudanças no plano de carreira, que entrariam em vigor a partir de 2013, e um aumento salarial que, de acordo com o Ministério do Planejamento, pode chegar a 45,1% para o topo da carreira (professor titular com dedicação exclusiva).
O texto, que ainda precisaria ser encaminhado como projeto de lei para aprovação no Congresso, reduz de 17 para 13 os níveis de carreira, uma das reivindicações do movimento grevista. Com isso, os professores vão conseguir subir mais rápido na carreira e passarão a receber salários maiores.
O governo diz ainda que irá conceder reajuste salarial a todos os docentes federais de nível superior, totalizando 143 mil profissionais, além dos 4% já concedidos por uma medida provisória e retroativos a março, ao longo dos próximos três anos.
Para os professores titulares com dedicação exclusiva, topo da carreira, os ganhos chegarão a R$ 17,1 mil em três anos. Segundo o Planejamento, esse valor representa um aumento de 45,1% em relação aos salários de fevereiro, que eram de R$ 11,8 mil. No entanto, se considerados os 4% já concedidos retroativos a março, percentual de reajuste da proposta seria de cerca de 40%.
"A proposta tem problemas muito sérios", afirmou Eduardo Rolim, presidente da Proifes (Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior), que representa uma parcela dos professores.
Uma das críticas feitas pelos docentes é que ela privilegia mais quem está no topo da carreira. "Os doutores-titulares são minoria na categoria. Quem é mestre ou não tem titulação sai prejudicado, até porque muitos não têm condições de obter titulação", disse Marinalva Oliveira, presidente do Andes-SN.
O problema, segundo o Andes, é que só 7% dos professores das universidades federais se encaixam na categoria máxima, que é a de professor titular e dedicação exclusiva, para receber os 45,1% de aumento.
Os servidores técnico-administrativos, que não foram incluídos na proposta, ameaçam parar serviços essenciais, como matrículas e pagamentos, caso o governo não negocie com a categoria, segundo a Fasubra (Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras).