João Henrique Bezerra
Do Grupo Meio Norte
O número de roubo a bancos no Piauí voltou a crescer depois de quatro anos em queda. A informação é do relatório de criminalidade de 2020, divulgado nesta terça-feira (12), pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), que registra o dobro de casos, em relação ao ano anterior. Conforme os dados, ano passado as instituições financeiras instaladas em território piauiense sofreram 20 ataques de bandidos, enquanto que em 2019 foram apenas dez registros. Um aumento de 100%.
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Desde 2015, quando a SSP registrou 55 ataques a bancos – maior número da série histórica -, as ocorrências desse tipo de crime vinham reduzindo drasticamente ano a ano. Entre os anos de 2018 para 2019, por exemplo, a queda foi de 200% no número de roubos a instituições financeiras, saído de 30 registros para apenas dez. E a maioria dos roubos do ano passado ocorreram em agências de Teresina e após explosões de caixas eletrônicos – modalidade de crime que vem sendo bastante utilizada pelas quadrilhas em todo o país.
O balanço mostra ainda que dos 20 ataques de 2020, um total de 13 ocorreu nas instituições financeiras situadas na capital. Os outros sete roubos foram nas agências de Piripiri, Miguel Alves, Alagoinha, União, Altos, Murici dos Portelas e Elizeu Martins, esse último sendo o único município situado na região sul do Estado. Além das explosões, os bandidos ainda agiram, como modus operandi, na modalidade sapatinho e maçarico, ambos com dois registros.
Para Odaly Medeiros, presidente do Sindicato dos Bancários do Piauí, esse crescimento é reflexo direto de uma política de precarização da segurança nas agências bancárias, principalmente os bancos públicos, que vem sendo aplicada pelas entidades competentes para o setor. Ele acredita que as instituições financeiras devem ter total segurança, ainda mais no interior do Estado, onde o policiamento é menor. “Estamos tendo um período de desmonte e privatização dos bancos, o que diminuem os serviços oferecidos”, lamenta o sindicalista.
O levantamento da Secretaria de Segurança mostra ainda que os ataques, ano passado, foram intensificados a partir do mês de setembro, quando ocorreram 13 do total de 20 registros. Destaque para novembro, que computou cinco roubos. Entretanto, foi um mês antes, no caso outubro, que dois casos chamaram bastante a atenção da sociedade piauiense. É que no dia 4 de outubro de 2020, ocorreram dois ataques, quase que simultâneos, um na sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PI), em Teresina, e o outro em uma agência do Banco do Brasil na cidade Miguel Alves, sendo esse com reféns.
O roubo ao TRE foi registrado de madrugada. O vigilante do edifício, localizado no bairro Cabral, disse à Polícia Militar que foi rendido por dois criminosos armados, que lhe mandaram liberar a entrada de mais três pessoas. O grupo então explodiu parte do prédio, incluindo caixas eletrônicos, e fugiu em uma caminhonete levando dinheiro, a arma e o colete do vigilante. Também nas primeiras horas daquele dia, uma quadrilha fortemente armada foram até um bar em Miguel Alves, renderam reféns e os fizeram andar até a agência do BB. Chegando lá, o bando explodiu caixas eletrônicos. Eles fugiram levando cinco reféns, que foram liberados na saída da cidade.