A Polícia Civil do Rio de Janeiro descobriu que o traficante Leandro Simões Nascimento Furtado, o Diminho, um dos mortos na operação de sexta-feira (15), no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio, alugava armas e vendia munições e drogas para quadrilhas ligadas à sua facção.
Segundo a investigação, o negócio acontecia em várias regiões da cidade e da Baixada Fluminense mesmo durante a pandemia de coronavírus.
O traficante foi um dos 13 mortos no confronto que durou quase quatro horas na manhã desta sexta. A polícia abriu inquérito para apurar as mortes.
A Defensoria Pública do Estado pediu ao Ministério Público uma investigação independente sobre a operação no Complexo do Alemão. Cerca de 1,8 mil moradores de várias comunidades da região ainda estão sem luz.
Provas contra o traficante
As provas foram encontradas em cadernos de contabilidade apreendidos durante a ação do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) e da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), da Polícia Civil.
Segundo a polícia, Diminho era um dos maiores fornecedores de armas da facção que domina os complexos do Alemão e da Penha.
Além dos oito fuzis, foram apreendidas drogas e 85 granadas. A polícia informou que a ação no Alemão foi resultado de uma investigação que durou oito meses.
Anotações
Em uma das páginas do caderno apreendido está uma relação de 33 fuzis sob responsabilidade do criminoso, sendo que nove deles foram alugados com 36 carregadores para a quadrilha que está na Rocinha.
As anotações mostram também que entre os dias 6 e 8 de maio, a quadrilha de Diminho movimentou pouco mais de R$ 2 milhões com a venda de cocaína, num total de R$ 5 milhões movimentados até a última sexta-feira (15) neste mês.
Também existem menções sobre fuzis distribuídos para outras regiões: Nova Holanda, Maré, e até em Angra dos Reis. A polícia disse que ele espalhava armas para várias regiões do estado do Rio.
Em outro documento, há menção a outros nove fuzis. No total, segundo a polícia, o arsenal cadastrado tinha pelo menos 122 carregadores com munições de diversos calibres.
Entre os oito fuzis apreendidos com os criminosos, vários tinham a inscrição Oliver, outro apelido de Diminho, segundo a polícia. O criminoso chegou a ser preso em 2008 e, após ser solto em 2011, nunca mais foi capturado.
De acordo com os policiais, foram encontradas nas anotações informações sobre a prática de assistencialismo nas comunidades. Em um trecho ele registrou a distribuição de 40 cestas básicas durante a pandemia.
Traficante do Pavão-Pavãozinho
A operação desta sexta resultou na morte de Leonardo Serpa de Jesus, conhecido como Léo Marrinha. Segundo a polícia, Marrinha era chefe do tráfico de drogas nos morros do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na Zona Sul do Rio.
Para o delegado Marcus Amim, da Desarme, a operação pretendia prender chefes de quadrilhas de traficantes que voltaram a transformar o local em base da facção criminosa.
"É claro que ninguém fica feliz com mais de uma dezena de mortes, mas nós não escolhemos esse resultado. Nós fomos lá prender lideranças importantes de uma facção criminosa que, infelizmente, se encastelaram no complexo, mais uma vez, como foi feito no passado, em razão da dificuldade de incursões policiais na região. E essas dificuldades não são apenas pelo grande poderio bélico, demonstrado na apreensão, mas também por uma mobilização através de mídias sociais que está sendo organizada para descredenciar ações legítimas como a de ontem”