Jean Rodrigues da Silva Aldrovande, O professor de jiu-jitsu de 39 anos, era mestre na escola Maneco Team. Na tarde dessa terça-feira (14) ele foi morto com um tiro na cabeça durante um intenso tiroteio que surpreendeu moradores na entrada da localidade conhecida como Relicário, no Complexo do Alemão. Um rapaz que frequenta a academia e estava perto de Jean ficou ferido na perna e levado para um hospital público. As informações são do IG.
De acordo com o Jornal Voz das Comunidades , editado no Alemão , Jean ia participar de uma competição de jiu-jitsu em Juiz de Fora (MG), e disputar o torneio do Sesi e um campeonato brasileiro neste mês.
Segundo relato dos moradores, policiais militares teriam entrado na comunidade atirando e um tiro atingiu o atleta na cabeça. Após a morte do professor de jiu-jitsu , moradores fecharam a Estrada Adhemar Bebianno, em Inhaúma, um dos acessos ao Complexo do Alemão, e atearam fogo em madeiras e pneus.
A vítima era professor de artes marciais de um projeto social na comunidade e estava se preparando para atuar em várias competições. O projeto social no Complexo do Alemão é custeado pelo Ministério do Esporte e Jean ganhava R$ 950 por mês, de acordo com o contracheque de abril, apresentado pela família do atleta.
Em nota, a assessoria da Polícia Militar informou que equipes das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Complexo do Alemão foram acionadas para verificar uma ação que culminou com dois homens atingidos por disparos de arma de fogo na Rua Canitar.
Chegando ao local, “os policiais constataram o fato e já se depararam com uma manifestação na Estrada Adhemar Bebianno, atuando para estabilizar a região. O comando da Coordenadoria de Polícia Pacificadora está apurando a dinâmica como o fato ocorreu”.
No documento, a PM não informa se houve alguma ação na comunidade em que houve troca de tiros envolvendo militares e traficantes de drogas. Logo, não informa nada sobre as possíveis causas da morte do professor de jiu-jitsu.
Referência e superação
Jean era uma "referência para jovens e adolescentes do Alemão". Moradores e parentes acusam PMs pelo disparo na cabeça que matou o professor. ''Ele tirou muito jovem do crime. Era aquele tipo de pessoa que estimulava os alunos, conseguia quimono para quem não tinha. Era uma pessoa muito especial'', afirmou sua mulher, a jornalista Andreia Rios.
A trajetória de superação de Jean é conhecida na favela. Antes de ser professor, Samurai, como era conhecido no Alemão, foi morador de rua. Há sete anos, passou a dar aulas no projeto social Maneco Team, onde ganhava salário de R$ 900. No período da manhã, ele ajudava o pai num depósito de gás na Ilha do Governador. À tarde, ia diariamente para o Complexo do Alemão.