As terras da aldeia Guarani Karugwá vão ganhar cinco hectares de agrofloresta, que une conservação de ecossistemas com uma produção agrícola autossustentável. Serão plantadas cerca de 100.000 árvores, que fixarão mais de 50.000 toneladas de CO2 nos próximos 20 anos. A ideia é que o projeto piloto se expanda para todos os 140.000 hectares da aldeia, localizada na cidade de Barão de Antonina, divisa entre São Paulo e Paraná.
A iniciativa é uma parceria entre os indígenas guarani e a empresa Pretaterra, um hub de inteligência agroflorestal, que, além da América Latina, já tem projetos na África, Ásia e Europa. Com o acordo, as terras passam a fazer parte do projeto de restauração produtiva “Agrofloresta na Mata Atlântica”, financiado pela UBS Optimus Foundation, braço de filantropia do banco suíço UBS.
“Muita gente não sabe, mas ainda existem povos indígenas espalhados pelo estado de São Paulo e escolhemos a comunidade Karugwá para fazer parte do nosso projeto piloto que mudará a paisagem de 100 hectares de Mata Atlântica”, afirmou a engenheira florestal Paula Costa, cofundadora da Pretaterra.
Atualmente, a aldeia — demarcada como unidade de conservação pela Funai, em 2005 —, é a casa de 30 famílias, com cerca de 150 pessoas, que já se dedicam a plantações agroflorestais, plantando para a subsistência em harmonia com a conservação do lugar. Desde que chegaram na reserva, há 16 anos, 30% da área já voltou a ser floresta, graças ao solo enriquecido com espécies de plantas nativas.
Entre os alimentos plantados estão mandioca, milho, feijão, banana e outras variedades de frutas, além da criação de animais como peixes, galinhas, porcos e vacas.
Para o engenheiro florestal Valter Ziantoni, também cofundador da Terrapreta, a ponte entre os saberes tradicionais e os novos modelos de produção é fundamental para que se siga um caminho sustentável.
“Entender como os povos da floresta trabalham em harmonia com a natureza é a chave para a construção de um futuro regenerativo, com alimentos nutritivos e abundantes para todos, inclusão social e mitigação climática. A partir disso, aplicamos ferramentas científicas de aquisição de conhecimento local para entender e multiplicar a sabedoria das populações nativas”, explica.