Há 125 anos, em 6 de março de 1899, a Bayer registrou a patente do ácido acetilsalicílico, mais conhecido como Aspirina. Este medicamento marcou um avanço científico significativo, sendo o primeiro fármaco sintetizado em laboratório e não encontrado na natureza. Sua introdução revolucionou o tratamento da dor e deu origem à indústria farmacêutica. No entanto, é essencial ressaltar o perigo da automedicação, considerando especialmente a disponibilidade fácil e sem necessidade de receita médica da Aspirina no Brasil. (Confira aqui a reportagem completa, produzida pela BBC News)
"[O ácido acetilsalicílico] é facilmente encontrado e vendido nas farmácias e, por conta dessa facilidade de acesso, esse medicamento acaba sendo usado de maneira inadequada, o que pode trazer efeitos adversos como problemas gastrointestinais, toxicidade renal e hepática. É sempre muito importante que haja orientação de um profissional de saúde no momento da indicação de um medicamento, como é o caso da Aspirina", alerta à BBC News Brasil o farmacêutico Jean Leandro dos Santos, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
SUBSTÂNCIA ENCONTRADA EM ÁRVORE: Mas se a Aspirina tem 125 anos, sua história é derivada de uma substância —esta, sim, encontrada na natureza— utilizada pelo ser humano há pelo menos 2,4 mil anos. Trata-se do ácido salicílico, uma derivação de Salix, a denominação científica da família do salgueiro —árvore também chamada de chorão, famosa pelas folhas pendentes. Desde a antiguidade, sabe-se que tanto as folhas quanto o caule dessas plantas eram boas para fazer um extrato utilizado no alívio de sintomas como dor e febre.
O salgueiro, rico em salicilato, tem sido usado medicinalmente desde o Antigo Egito, conforme registrado no papiro Ebers por volta de 1550 a.C. Hipócrates também o recomendava por volta de 400 a.C. No entanto, somente no século 18 os pesquisadores identificaram a substância benéfica. Embora o ácido salicílico fosse eficaz contra dores, febre e inflamações, seus efeitos colaterais, como danos ao estômago, eram preocupantes.
💊 ASPIRINA PATENTEADA: Em busca de soluções para os efeitos colaterais do ácido salicílico, o químico Felix Hoffmann, da Bayer, sintetizou o ácido acetilsalicílico em 1897. Este foi o primeiro fármaco sintetizado em laboratório, inaugurando um novo paradigma no tratamento da dor, sem depender de substâncias naturais. Como o medicamento de Hoffmann não pode ser encontrado naturalmente, essa invenção se tornou um marco, considerado o ponto zero da indústria farmacêutica. Em 6 de março de 1899, a Aspirina foi então patenteada.
💵 BAIXO CUSTO E SUCESSO INSTANTÂNEO
- Ácido acetilsalicílico em sua primeira forma era um pó, administrado com supervisão médica.
- A partir de 1900, foi desenvolvido como um comprimido solúvel em água, vendido em tubos de vidro.
- Foi a primeira droga de uso geral a ser vendida nesse formato, permitindo autoadministração sem necessidade de médicos ou boticários.
- A Aspirina se destacou pela simplicidade, baixo custo, acessibilidade e eficácia.
- Rapidamente se tornou um sucesso e sinônimo de comprimido ou remédio.
- Tornou-se um item onipresente em lares.
⚠️ COMO FUNCIONA A ASPIRINA?
- Ingrediente ativo da Aspirina inibe a formação de prostaglandinas.
- Prostaglandinas são substâncias mensageiras que aumentam a sensibilidade dos receptores de dor no corpo.
- Inibição da produção de prostaglandinas reduz a excitabilidade dos receptores de dor nas terminações nervosas.
- Redução da excitabilidade dos receptores de dor resulta na diminuição da dor e dos sintomas inflamatórios.