A família de um rapaz de 22 anos diz que vai processar a concessionária Supervia na Justiça. Ele está internado - com queimaduras graves - depois de ser atingido por uma descarga elétrica, ao encostar num fio na estação de Costa Barros.
Pessoas que estavam na estação de Costa Barros viram quando o camelô escorregou na escada da passarela. Ele teria tentado se segurar no corrimão, mas encostou no fio. O acidente ocorreu no dia 25 do mês passado, por volta das 20h30. Tinha acabado de chover e João Paulo da Conceição, de 22 anos, foi atingido por uma forte descarga elétrica.
A ambulante Ana Caroline viu tudo e tentou pedir ajuda. “Quando olhei estava sendo eletrocutado, comecei a bater na porta, Eu tentei abrir, bati na porta, mas ninguém apareceu, não vi nenhum funcionário, mas com certeza tinha, Porque não era o último trem, a estação não pode ficar abandonada do jeito que estava”, afirmou.
Outras pessoas correram até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Costa Barros, mas como o socorro estava demorando, Ana decidiu agir.
“Dei a volta fui correndo e pequei ele, nas costas, e subi porque tinham ido chamar a ambulância. Nem ambulância chegou, UPA perto e nem ambulância pode chegar. Já tava próximo, não custava nada a ambulância chegar ali, mas eu que levei nas costas e levei até a UPA”,
João foi transferido para o Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro. Ele sofreu queimaduras de segundo e de terceiro graus em várias partes do corpo.
No hospital, vítima do acidente passou a ser mais um paciente na fila por uma cirurgia. A família diz que já foi informada sobre o risco de amputações e que a operação pra tentar salvar os dedos da mão direita já foi marcada e cancelada várias vezes. João está no hospital há 25 dias.
O ambulante é casado e tem duas filhas pequenas. A mulher dele diz que ficou sem dinheiro até para comprar comida das crianças e que ainda precisa da contribuição de parentes para comprar medicamentos, curativos e alimentos para o marido internado.
“Pomada, gaze, biscoito, coisas pra comer também. Bem difícil, a gente paga, a gente tem duas filhas. Difícil, está sendo difícil pra mim”, afirmou.
A família diz que tentou pedir ajuda à Supervia. “Passou fotos do rapaz, a empresa tinha que fazer a parte dela. Família pobre, dificuldade, tá precisando cirurgias. Empresa tem suporte pra isso”, afirmou o advogado Crisnoel Gonçalo.
“Vamos entrar com ação contra a família, documentação, provas necessárias. Vamos entrar. Ação de reparação do dano , físico, tudo isso, lei, supervia tem que responder, negligência fiação solta no local que pertence supervia e transito usuários,
“Até agora nada, não fizeram nada. Não procuraram saber, não ligaram pra gente nem pra mim que sou mãe, nada até agora, estou esperando resposta ninguém entrou em contato com a gente”, criticou a mãe Vânia Zita.
A Supervia disse que lamenta o ocorrido e esclarece que aproximadamente 400 pessoas passam pela estação Costa Barros todos os dias e este foi o primeiro incidente desse tipo registrado pela concessionária. Afirmou ainda que o fio não estava solto e caído no corrimão. Ele faz parte de uma estrutura de cabos localizada a uma certa distância da escada.
Já a direção do Hospital Municipal Souza Aguiar esclarece que a cirurgia a qual deve ser submetido João Paulo é um procedimento delicado e a possibilidade de amputação não se deve à cirurgia, mas às queimaduras. A cirurgia teve um agendamento cancelado por falta de condições clínicas do paciente. A direção da unidade informou ainda que não há relato de falta de pomadas e alimentação. A direção do hospital diz que está à disposição do paciente e seus familiares para esclarecer qualquer dúvida.