?Estamos arrebentados. Quem cometeu negligência vai ter que pagar, vai ter que assumir.? O desabafo é de Giuliano Cabral Chaves, 35, marido da miss Jataí Turismo 2012, Louanna Adrielle Castro Silva, 24, que morreu no último sábado (1º) durante uma cirurgia plástica para implante de silicones nos seios em Goiânia. Ela teve uma parada cardíaca durante o procedimento, realizado no hospital Buriti, no bairro Parque Amazônia.
Em entrevista, por telefone, ele chora ao recordar o ocorrido e conta que em quatro dias, emagreceu quatro quilos. ?Não estamos dando conta. A gente perde tudo, mas não podemos tolerar a falta de profissionalismo. Chega de pouco caso com a vida das pessoas por parte dos médicos?. Giuliano registrou um boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial de Goiânia e contratou um advogado para avaliar o caso. Ele pretende processar o médico responsável pelo procedimento estético, o cirurgião plástico Rogério Morale.
Ele disse que está avaliando a possibilidade de processar também os hospitais, por negligência, e um outro médico, cujo nome não foi divulgado, do Hospital Monte Sinai, por calúnia. Giuliano alega que Louanna não teve o atendimento prometido pelo cirurgião plástico Rogério Morale.
Segundo ele, o médico, que atende em Jataí (327 quilômetros de Goiânia), preferiu realizar a cirurgia em Goiânia porque o hospital teria Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Mas não foi o que aconteceu. O procedimento para o implante de silicones nos seios de Louanna foi realizado no Hospital Buriti, no bairro Parque Amazônia, onde não havia UTI.
A cirurgia começou por volta das 7h30 da manhã de sábado (1º) e assim que teve a parada cardíaca, ela precisou ser levada para outro hospital, o Monte Sinai, no Bairro Ipiranga, em Goiânia, devido à falta de UTI no local. Mas Louanna não resistiu. O cirurgião Rogério Morale novamente não foi encontrado pela reportagem para comentar o caso.
Giuliano questiona um relatório encaminhado pelo Hospital Monte Sinai, em Goiânia, ao Instituto Médico Legal (IML), que afirma que Louanna teria usado entorpecente antes da cirurgia. Ele conta que o relatório ao IML está escrito a punho e não foi assinado por nenhum médico.
De acordo com Giuliano, o documento foi escrito pelo médico, que relata que a miss chegou ao hospital com histórico de arritmia cardíaca e parada respiratória. No laudo terapêutico, ele escreveu que a paciente tem histórico de uso de cocaína e bala, conforme relatado por uma amiga.
?Não realizaram nenhum tipo de exame toxicológico, citam uma amiga, mas não colocaram o nome dela, o médico nem assinou, mas já sabemos de quem é a letra. Ela não usava drogas e nem bebia álcool. Isso foi uma calúnia que deixou a nossa família mais transtornada ainda. Estão querendo se safarem da responsabilidade, isso sim?, diz o marido da miss. A reportagem entrou em contato com a administração do hospital Monte Sinai e a informação era de que ninguém falaria sobre a morte de Louanna.
Ele diz que entregou o relatório original para o 13º Distrito Policial de Goiânia, que instaurou inquérito para averiguar as causas da morte da miss. Sob a responsabilidade da delegada Mirian Aparecida Borges de Oliveira, a investigação para apurar se houve negligência médica depende dos laudos do IML, principalmente, o que apontará se houve ou não consumo de drogas.