Pelo menos quatro professores morreram vítimas da Covid-19 em menos de uma semana em Teresina, até esta terça-feira (23). O Sindicato dos Professores e Auxiliares da Administração Escolar do Estado do Piauí (SINPRO-PI) ingressará com uma ação no Ministério Público do Trabalho do Estado pedindo a suspensão das aulas presenciais por pelo menos 15 dias.
De acordo com dados divulgados pelo Centro de Operações Emergenciais (COE) da Secretaria de Estado da Saúde (SESAPI), até o dia 11 de março, 206 trabalhadores da educação testaram positivo, além de 20 alunos. Já no dia 18, 263 trabalhadores haviam se infectado, além de 96 alunos. Para Jurandir Soares, presidente do Sinpro-PI, o momento é grave para a categoria. “Não é possível que as autoridades não tenham a sensibilidade de suspender as aulas presenciais. Não é paralisar, pois nunca paramos. É suspender nesse momento de pico. Não tem um dado específico, mas quando estávamos remotamente, não teve nenhuma morte”, disse.
No sábado (20), faleceu o professor Francisco Carlos de Sousa Ferreira, conhecido como Chico Carlos, vítima da Covid-19. Ele era docente em História há quase 30 anos e querido por centenas de alunos em Teresina. No Domingo (21), o fisioterapeuta e professor de Educação Física, Alexon Fabiano, de 50 anos, também veio a óbito por complicações do vírus em um hospital público de Teresina. Já nesta segunda-feira (23), o professor Rodrigo Correa Santos, de 32 anos, do Colégio Sagrado Coração de Jesus, colégio das Irmãs, também foi vítima do vírus. Além destes, Jessé Pereira do Nascimento, professor da rede estadual de educação, também não resistiu.
Jurandir Soares explica que a ida dos alunos às escolas está baixa desde a retomada do ensino presencial, ainda por temerem o vírus. “Dos alunos que estão presenciais, estão vindo menos de 10% nos colégios. Até os alunos estão com medo também. Nos intervalos os professores estão ficando na porta dos colégios, não estão entrando, com medo de aglomeração”, disse. Caso o pedido de suspensão não seja acatado, o SINPRO-PI irá realizar uma assembleia entre os trabalhadores para pedir que eles não entrem nas escolas. “Se não parar, não vamos em assembleia conclamar a categoria para que os professores não entrem nos colégios”, completa.
O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Piauí (Sinepe-PI), Marcelo Siqueira, informou que está aberto para conversações, mas que as escolas e alunos não podem ser prejudicados. “Todas as pesquisas no mundo todo dizem que a escola é um ambiente seguro e está sendo comprovado aqui. Nós precisamos contribuir com a diminuição da circulação. Há de se encontrar uma saída para que a gente agrade os professores, não prejudique as escolas e os alunos. Estamos abertos a negociar. As crianças não podem ser penalizadas. Nós temos que negociar. Há um medo generalizado na cidade. Vamos ver se encontramos uma saída”, finaliza.