Só no ano de 2013, 14 bebês já faleceram na Maternidade Evangelina Rosa, em Teresina. Entre novembro e dezembro de 2012, foram outros oito óbitos. O Ministério Público, preocupado com a situação, emitiu um Termo de Ajuste de Conduta em novembro, o que obrigava a Maternidade a melhorar seu serviço no prazo de 60 dias, mas a situação encontrada foi ainda pior do que a anterior.
Segundo a promotora Cláudia Seabra, a maternidade tem dificuldades de suprir a demanda. Ela contou que a Evangelina Rosa trabalha há anos com 95% de lotação, o que sobrecarrega os servidores. "O admissível, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) e o Ministério da Saúde é 85%", comentou. A maternidade também não conta com o aparato ideal para tratar de crianças de alto risco, e apenas 20 leitos de UTI.
A promotora comentou que a primeira necessidade da maternidade era suprir a falta de recursos humanos. Segundo ela, foi constatado que havia um déficit de 38 pediatras, 20 obstetras, 56 enfermeiros, 146 técnicos de enfermagem, e muitos outros profissionais. Após os 60 dias de prazo do Termo de Ajuste de Conduta, foram contratados apenas sete obstetras, 20 enfermeiros e nenhum técnico de enfermagem.
"É uma situação absurda. Diante da carência de pessoal, os profissionais ficam sobrecarregados. Temos certeza que o não cumprimento do compromisso repercute na alta do número de mortes", disse Cláudia Seabra. O Ministério Público, diante dessa falta de compromisso, entrou agora com ação judicial contra a Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi), e caso continue desrespeitando o compromisso, deve ser aplicada multa.