Nesta quarta-feira de Cinzas (22), a Igreja Católica deu início à Quaresma, período marcado pelo jejum, oração e pela penitência. Ao longo do dia, templos de Teresina celebraram missas com a imposição das cinzas na testa dos fiéis, ato para recordar a frágil e passageira vida humana.
Na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, no bairro Cabral, o Padre Fábio Fernandes presidiu a Santa Missa para dezenas de pessoas. Ao Jornal Meio Norte, ele definiu a celebração anual rumo à Páscoa como a busca pela força do Espírito de Deus e explicou o sentido da quarta-feira de Cinzas para o catolicismo.
Veja programação de missas de Quarta-Feira de Cinzas
“As duas grandes festas da Igreja Católica, o Natal e a Páscoa são precedidas de tempos favoráveis ao reencontro do cristão consigo, com Deus e com seu irmão. Para o tempo da Páscoa, nós temos a Quaresma, que traz o simbolismo dos quarenta dias: quarenta anos do povo de Deus no Deserto e quarenta dias do Senhor no deserto. Para abrir a Quaresma, reportamos ao livro de Gênesis, ‘do pó viemos e ao pó voltaremos’, a passagem que nos fala da fugacidade da vida humana, tão breve”, contou.
Durante a cerimônia, o padre usou cinzas úmidas para sinalizar uma cruz na fronte de cada fiel, proferindo a frase do primeiro livro da Bíblia. Segundo o padre Fernandes, a tradição faz o cristão entender que é preciso recolher e reconhecer suas falhas para seguir no processo do crescimento próximo a Deus.
“Colocar cinzas na fronte é um convite ao jejum, esmola e caridade. Elas não apagam o pecado, mas convocam fiéis à confissão sacramental nas ruas respectivas paróquias ou nos centros de devoção. Elas [cinzas] são um símbolo externo de que devemos ter consciência de nossas falhas e arrependimentos. Nosso Deus é um deus que age com paciência conosco e nos guardará sempre. Por isso, recomeçar é sempre uma graça que vem de Deus”, falou.
Natural do município de Oeiras, a capital da fé, a técnica em informática Larissa Moura chegou cedo à Paróquia Nossa Senhora do Rosário para participar da celebração matinal. Segundo ela, a tradição de frequentar a missa na quarta-feira de Cinzas é uma das mais importantes ações das pessoas que seguem o calendário religioso. “Desde a infância, fui educada ao costume de participar da missa é uma data muito preciosa para nós, é um momento de preparação do período Quaresmal e reforça nossa vontade de praticar caridade e fraternidade junto ao próximo. Jesus nos ilumina através dessas datas tão importante que a Igreja Católica nos proporciona”, falou.
A aposentada Tânia Lustosa também marcou presença na igreja e lembrou o que a data propõe. “Na minha concepção, é na quarta-feira de Cinzas que você prepara corpo, alma e espírito para a Páscoa, nosso propósito maior. A ressurreição de Cristo nos faz refletir sobre o que somos”, expressou.
Na Igreja Nossa Senhora do Amparo, o padre José de Pinho Borge aproveitou o momento para divulgar a campanha da Fraternidade 2023 que, neste ano, traz a realidade da fome com o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Conforme o Pe, a principal finalidade da jornada religiosa é vivenciar e assumir a dimensão comunitária social da Quaresma.
Campanha da Fraternidade
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou, na quarta-feira (22) a Campanha da Fraternidade de 2023, com o tema: “Fraternidade e fome”, juntamente com o lema “Dai-lhes vós mesmo de comer” (Mt 14,16), incentivando as comunidades a assumirem suas responsabilidades ante a situação da fome que persiste no Brasil.
Segundo o Padre Fábio Fernandes a campanha explicita a necessidade de ações para minimizar os impactos da miséria. “Desde a década de 70, a igreja tem se preocupado com questões ligadas ao ambiente interno e ao ambiente externo. É bom lembrar que nós temos uma vocação comum dada pelo próprio Cristo e que deve ser colocada em prática. A fome é um vexame, uma vergonha, como diz o papa Francisco. Nós produzimos tanto, mas desperdiçamos muito. É preciso fazer a partilha, de modo que as pessoas tenham segurança alimentar e chamamos a atenção, enquanto cristaos e cidadãos, de que nós temos que incentivar políticas públicas e apoiar o princípio da subsidiariedade”, falou.
O Pe. também pediu apoio às instituições e organizações sociais que atuam em projetos que ajudam a aliviar o sofrimento das pessoas mais pobres. “Nós temos muitos grupos que se preocupam com irmãos e irmãs e que agem de forma caritativa, sem esperar recompensas. Se eu, enquanto indivíduo, não posso fazer algo para mitigar a fome de alguém, eu posso ajudar ou servir a empresas e organizações sérias para ajudarmos a tirar do no nosso meio”, expressou.