Mais de 15 pessoas foram detidas nesta manhã (7) durante os confrontos entre polícia e manifestantes nas comemorações ao Dia da Independência, segundo advogados voluntários da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e do DDH (Instituto de Defensores de Direitos Humanos). O público que assistia ao desfile também sofreu com o gás lacrimogêneo e deixou o local em pânico.
Por volta das 10h15, homens da Tropa de Choque lançaram bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. No entanto, os artefatos acabaram caindo próximo ao público, e o gás invadiu as arquibancadas. Muitas pessoas, incluindo crianças, idosos e mulheres, passaram mal e foram atendidas por socorristas voluntários.
Fotógrafos do jornais Estadão e O Dia foram feridos, sendo que o primeiro, identificado como Marcos de Paula, teve uma queimadura causada por uma bomba de gás que colocou em seu braço. Já Alessandro Costa, de O Dia, levou um chute de um PM. Já o repórter do jornal "A Nova Democracia", Patrick Granja, recebeu voz de prisão de um policial militar após acusá-lo de agressão.
Homens da Polícia do Exército chegaram a se juntar aos PMs, porém não houve ação por parte dos representantes das Forças Armadas.
A ação da Tropa de Choque para dispersar os black blocs ocorreu depois que os homens do batalhão foram aplaudidos pelo público que acompanhava o desfile da Independência nas arquibancadas. Curiosamente, segundos após a ovação, os populares viveram momentos de pânico em função da correria e do efeito das bombas de gás.
No ápice da confusão, um homem saiu correndo das arquibancadas com o filho no colo. A criança chorava de forma desesperada, aparentemente sentindo a ardência nos olhos provocada pelo gás lacrimogêneo.
Enquanto o desfile dos militares continuava, os black blocs se dividiram em pequenos grupos. Alguns jovens seguiram pela avenida Presidente Vargas em direção à sede da Prefeitura do Rio, mas não há registro de confusão no local. Outros caminharam para a Praça Tiradentes, onde se reagruparam e seguiram para a Lapa.
Mais cedo, houve um breve confronto na frente do 5º BPM (Praça Tiradentes). Bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral foram lançadas por policiais que protegiam a entrada do batalhão.
De acordo com um PM, o confronto começou porque um jovem não identificado teria jogado um artefato explosivo conhecido como "cabeção de nego" dentro do batalhão. Os reporteres, no entanto, estava presente no momento da ação da Polícia Militar e não presenciou a cena relatada pelo agente.
Os manifestantes correram em direção às ruas do Lavradio e dos Inválidos, na Lapa. Durante a fuga, um manifestante que não estava mascarado depredou uma agência do Itaú.
Às 10h, a Tropa de Choque chegou em peso ao local da confusão, e os manifestantes se dividiram.