“Provamos a inocência do João Paulo”, diz viúva sobre condenação da BMW a pagar indenização

BMW terá que pagar indenização de R$ 300 mil e da pensão pela morte do cantor

Viúva de João Paulo falou sobre a decisão da Justiça | G1
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A decisão da Justiça pela condenação da BMW do Brasil Ltda. e a Bayerische Motoren Werke Aktiengesellschaft (BMW AG) ao pagamento de uma indenização de R$ 300 mil e da pensão pela morte do cantor sertanejo José Henrique dos Reis, conhecido pelo pseudônimo de João Paulo, então parceiro de dupla de Daniel, foi recebida com alegria pela viúva do sertanejo, morto em um acidente automobilístico na madrugada do dia 12 de setembro de 1997. "Conseguimos provar a inocência do João Paulo. Todos esses anos ouvi coisas absurdas", diz Roseni Barbosa dos Santos Reis. Ainda cabe recurso sobre a decisão.

Em nota, a BMW informou que não concorda com a decisão e que apresentará recurso de apelação junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). O processo é movido por Roseni e pela filha dela, Jéssica Renata dos Reis, hoje com 22 anos. As duas moram há três anos em Ribeirão Preto (SP), onde atualmente a jovem cursa o terceiro ano da faculdade de veterinária.

O cantor João Paulo morreu quando voltava para casa em Brotas (SP), na madrugada do dia 12 de setembro de 1997, após um show na cidade de São Caetano, no ABC. O acidente aconteceu na altura do km 40 da Rodovia dos Bandeirantes, em Franco da Rocha, na Grande São Paulo. O veículo, uma BMW 328i/A, capotou, invadiu o canteiro central da via e pegou fogo. João Paulo morreu carbonizado.

Com base em um laudo pericial, a Justiça determinou que um defeito no pneu dianteiro direito do carro dirigido por João Paulo, foi o causador do acidente. A decisão eximiu o cantor de culpa. Segundo o laudo, João Paulo trafegava acima do limite permitido na rodovia, mas a ?velocidade encontrava-se dentro dos limites de dirigibilidade". A velocidade não pôde ser precisada pelo perito.

Roseni conta que, apesar de não concordar com o valor da indenização estipulado pela Justiça, considera a decisão uma vitória. "Tive que ouvir todos esses anos que o acidente era culpa do meu marido, que ele estava cansado, que ele estava embriagado. Ouvi coisas absurdas quando, na verdade, foi um problema no carro que causou o acidente. Esse foi o primeiro passo e o objetivo foi alcançado, provar a inocência dele, mas vamos recorrer para aumentar esse valor", disse a viúva.

Ela revela ainda que o marido comprou a BMW, que dirigia quando morreu, para ter mais segurança no trânsito. "Ironicamente, foi por causa desse carro que ele morreu. Ele gostava de voltar pra casa após o show e fazia isso sempre que possível. Ele comprou esse carro pensando na segurança, não foi por status. Foi pra ter um carro melhor, para ter mais segurança", lembra.

Ao falar da filha e das dificuldades enfrentadas por elas após a morte do sertanejo, Roseni se emociona. "A Jéssica tinha 6 anos na época. Teve uma infância muito difícil e toma antidepressivo até hoje. A gente achou que ela nem conseguiria se formar no ensino médio, mas graças a Deus, hoje em dia ela está na faculdade", diz com a voz embargada. Roseni e João Paulo namoraram por cinco anos e ficaram casados por seis anos.

Recurso

Além da indenização de R$ 300 mil por danos morais (R$ 150 mil para cada uma), a BMW do Brasil e sua matriz alemã foram condenadas a pagar uma pensão mensal à filha e à esposa do cantor referentes a 2/3 da renda média de João Paulo em seus últimos seis meses de vida.

O advogado Edilberto Acácio da Silva, que representa a família do sertanejo, diz que também irá recorrer da decisão da Justiça por causa do valor da indenização. Segundo ele, João Paulo recebia mais de R$ 500 mil por mês na época do acidente. Com isso, o valor total da indenização, acrescido de juros e correção, pode chegar a mais de R$ 500 milhões, de acordo com o advogado.

"O valor que deve ser pago é referente a toda a vida artística que o João Paulo ainda teria pela frente. Ele fazia parte de uma das duplas mais famosas do país e também era um compositor de sucesso. Vamos recorrer para aumentar o valor da indenização", disse Silva.

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