Teresina é uma cidade em grande expansão, com rios parcialmente navegáveis que margeiam 46% dos bairros da cidade. O rio Parnaíba possui uma extensão de 15 km, desde o Bairro Santa Maria da Codipi, na zona Norte, até a Vila Irmã Dulce no extremo sul da capital. O rio Poti tem 12km de prolongamento na zona urbana de Teresina, cortando a cidade ao meio, onde faz parte da maioria dos parques ambientais. Pensando nisso, o arquiteto Danilo Sérvio idealizou o projeto de integração de transportes terrestre e fluvial em Teresina, que visa utilizar a navegabilidade dos rios com as estações de metrô e ônibus para que assim possa desafogar o trânsito na capital.
O professor de Arquitetura e Urbanismo apresentou o projeto ao Governo do Estado do Piauí como alternativa para a mobilidade urbana com a utilização fluvial de transporte de passageiros, buscando o desafogamento do tráfego terrestre em Teresina. O planejamento tem ainda a proposta de fazer com que a cidade se volte para os rios que estão abandonados. O objetivo principal é integrar as áreas mais utilizadas pelos teresinenses para instalar pontos de integração como a Praça da Bandeira, e assim, promover um sistema de transporte completo. A ideia configura-se como inovadora e eficiente.
Segundo Danilo Sérvio, o projeto modificará a forma como os teresinenses utilizam os rios, pois a ideia não é trabalhar somente a parte do transporte de passageiros com eficiência, mas todos os processos que envolvem a qualidade de transporte público coletivo como os pontos de paradas que serão locados nas margens com uma requalificação urbana para cada área.
“O projeto também tem um cunho ambiental, pois prevê a preservação da mata e o seu reflorestamento, além da drenagem do nosso rio. Queremos mudar, assim, o conceito existente de ser apenas uma barreira física, que separa a cidade, e passar a ser uma área de mais valor para o turismo, esporte e transporte coletivo. Além dos ganhos ambientais, se compararmos com os outros modos de transporte, aonde o transporte fluvial é o menos poluente, se comparado com o rodoviário e ferroviário”, acrescentou.
Reaproveitamento do rio pode fomentar turismo
O plano proposto pretende solucionar, quantitativamente, o crescente caos urbano no transporte público da capital, indo junto aos preceitos da sustentabilidade, sendo ecologicamente correto, socialmente inclusivo e economicamente viável. O rio terá uma maior interação com a população, podendo alavancar o seu uso, para o transporte e o lazer.
Com a maior utilização dos recursos hídricos, passa a acontecer uma mobilização econômica em seu desenvolvimento. O arquiteto garante que com a implantação do projeto, a cidade ganhará parques ambientais e urbanos com grande tendência ao uso intenso da população, por possuir todo um sistema de transporte atrelado, tornando uma manutenção sustentável.
“Especialistas já foram consultados e constataram a viabilidade de navegabilidade nas águas do Poti e Parnaíba, onde devem ficar as estações, para assim beneficiar diversas zonas da cidade. Caso ocorra a implantação, o projeto pode se tornar piloto para todo o país e ainda vai reativar a questão turística da cidade”, declarou.
Rios sofrem assoreamento em suas margens
Atualmente, os rios que banham Teresina estão assoreados e sofrem com o abandono quanto a investimentos para sua preservação. O professor e aquiteto defende que é necessário que seja feito um processo de desassoreamento para que possa viabilizar a navegabilidade em tempo integral. “Vale ressaltar que o tipo de embarcação para esse modo de transporte, é necessária apenas uma profundidade média de 1m de lâmina d’água.
Esse projeto gera ganhos imensos para nossa cidade na área do turismo, pois será um projeto a ser bem visto por toda a sociedade brasileira, criando assim uma nova referência para nossa cidade. As rotas também são pensadas em valorizar os pontos turísticos existentes, como os parques Potycabana, Encontro dos Rios, Zoobotanico, centro histórico da cidade, entre outros”, completou.
Quanto à viabilidade e orçamento do sistema de transporte fluvial para a capital, o especialista afirma que após o projeto elaborado, recebeu apoio da Prefeitura Municipal de Teresina, Governo Estadual e Federal, para que possa realizar o projeto executivo, que vai determinar prazos e quantificar valores da obra.