Um grupo de jovens voluntários que fazem ações sociais se uniram há três anos e montaram a TV Comunitária Fala Dirceu, um espaço para divulgar, compartilhar e mostrar as dificuldades do bairro e também fazer um resgate social da cultura e modo de vida das pessoas que residem na comunidade.
Durante a pandemia, os voluntários também têm feito campanhas para doação de álcool em gel, cestas básicas, curso de formação para grávidas, capacitação para agricultura familiar, aulas públicas, que, nos últimos tempos, tem ocorrido somente na modalidade on-line, através de lives nas redes sociais, além de atividades lúdicas com crianças e desenvolvimento de liderança com os jovens do bairro.
Segundo Maria Vitória, uma das idealizadoras do projeto, a ideia surgiu com o objetivo de solucionar as demandas da periferia da zona Sudeste, em especial, do grande Dirceu.
A jovem frisa que ocupar os canais ociosos é colaborar para a democratização da comunicação e a pluralidade de vozes das comunidades. Nesse sentido, o Fala Dirceu está relacionado com o fomento de políticas públicas para melhoria da vida dos moradores do bairro.
“Eu e Leonardo Mascarenhas começamos a formular essa TV comunitária que é o Fala Dirceu e ela começou a tomar seus passos, e começamos a trazer jovens, que também dialogam com a mesma ideia para que a gente pudesse caminhar juntos”, destacou.
Ainda segundo a estudante de Pedagogia, o grupo busca ocupar todos os espaços do Dirceu e, caso tenha haja algum local com problemas, o grupo se mobiliza e tenta resolver a questão da melhor maneira possível e ocupa aquele lugar levando cultura, arte, comunicação e educação.
“A gente busca sempre deixar claro que as pessoas são importantes, então, desde a mulher que faz biscuit no Mercado até a mulher que vende creme de galinha à noite no Dirceu, ela consegue se identificar com o Fala Dirceu”, acrescenta.
Ações e intervenções enaltecem moradores da região
Além de receber sugestões da população, os voluntários entrevistam os moradores do bairro, e realizam diversos projetos como o Palco Interativo, Aula Pública, entre outros. A voluntária Jordânia Soares, que cursa Jornalismo na Universidade Federal do Piauí (UFPI), revela que nove pessoas fazem parte do time de voluntários atualmente, mas pelo menos 20 pessoas já trabalharam voluntariamente no Fala Dirceu.
Os voluntários ajudam a desenvolver o projeto(Foto: Raissa Morais)
“As nossas ações são variáveis e já alcançaram mais de 200 pessoas que foram diretamente beneficiadas com cestas básicas, ação do Jovem Político, que é uma semana que a gente faz aula pública falando sobre sociedade, política, economia, filosofia, vários outros assuntos”, declarou.
O projeto organiza também o Troféu Fala Dirceu, que é um evento no qual são distribuídos troféus para empreendedores, artistas, influenciadores e tem como objetivo enaltecer toda população do Dirceu.
“Nós fazemos também ações anualmente para o combate da violência contra a mulher, contra as pessoas LGBTQIA+ e outras ações ao longo do ano. Quem se interessar para ser voluntário, pode entrar em contato com a gente através de nosso Instagram @faladirceu. No momento, a gente não conta com nenhum tipo de ajuda do poder público ou privado, apenas as doações da população e também alguns pequenos empreendedores amigos do projeto”, pontua.
Pessoas como protagonistas de suas histórias
Um dos parceiros do Fala Dirceu, o professor de Climatologia da UESPI, Werton Costa, mora no bairro e enfatiza que o projeto tem um envolvimento, fala a linguagem e possui uma relação de parceria com a comunidade. O climatologista afirma que as aulas públicas, por exemplo, se caracterizam pela presença de profissionais da academia, mas também de pessoas da comunidade que formam um grupo que promove troca de informações.
Werton diz que o projeto tem uma relação íntima com a comunidade(Foto: Raissa Morais)
“Eu sou morador da comunidade e foi uma grata surpresa perceber que tinha um trabalho de grande qualidade no que se chama comunicação comunitária, aquela comunicação pró-ativa. Costumo dizer que eles fazem aquela comunicação empática, que acolhe as pessoas da comunidade como pessoas protagonistas. Eu participei da chamada aula pública e percebi que, além de acadêmicos, além de pessoas do meio universitário, as pessoas da comunidade tinham voz ativa e puderam também dar sua aula como protagonistas e não apenas como ouvintes e coadjuvantes”, observa.
O professor avalia que o Fala Dirceu, tem dado a sua contribuição para preservar a memória do bairro. “O Dirceu estava sem memória, os moradores mais antigos estão indo embora a Covid-19 tirou muitos personagens importantes da cena da história do Dirceu e eles vêm recuperando, uma série de depoimentos, uma série de aulas, uma série de intervenções que são importantes para fortalecer a identidade da comunidade”, finaliza.