Projeto de lei impede Estado de financiar shows com letra ofensiva

A “lei da Cultura Limpa” quer proibir o gestor público de contratar shows de músicas com letras depreciativas, preconceituosas ou de duplo sentido

O deputado João de Deus e os empresários discutem o tema | Andrê Nascimento
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O projeto de lei "Cultura Limpa", do deputado estadual João de Deus, foi aprovado ontem na Assembléia Legislativa, e quer proibir que os gestores públicos financiem shows de bandas que apresentem músicas com letras de cunho sexual, depreciativo, discriminatório ou de duplo sentido. Uma boa parte da sociedade aprova a iniciativa, mas as bandas que fazem esse tipo de música não ficaram satisfeitas.

?Eu cresci ouvindo Luis Gonzaga com letras de duplo sentido, Bezerra da Silva fazendo referências ao que pode ser entendido como droga, Raul Seixas e o ?Rock das Aranhas?, disse Daniel, empresário da banda Bicho Q Balança, citada no texto do projeto. José de Sousa Andrade, empresário da banda Chica Égua, também citada no projeto, disse que ?O duplo sentido vai da cabeça de cada um?.

Daniel afirmou ao meionorte.com que o grupo nunca recebeu apoio do poder público. ?Já temos 10 anos de banda e nunca recebemos apoio nenhum?, disse. Bertoldo, empresário da banda BB Chorão, questionou ao deputado João de Deus se a lei valerá para bandas de outros estados, já que para ele, são essas bandas que são realmente financiadas. ?O carnaval vem aí, e tem bandas da Bahia e do Ceará com letras muito mais pesadas das que tocam por aqui?.

O deputado disse ao meionorte.com: ?A lei não vai censurar ou proibir as bandas, mas sim o gestor de usar recursos públicos para esse tipo de música?, disse João de Deus. Os empresários, então, apresentaram uma possível solução, a partir de experiências deles mesmos: ?Uma vez, fomos convidados para tocar numa escola, e o diretor olhou a lista de músicas e escolheu as que ele não queria que tocássemos?, relatou Bertoldo. A alternativa foi aprovada pelo deputado João de Deus.

Os músicos aproveitaram para não só comentar a lei, mas também para reivindicar pela falta de valorização das bandas locais. ?Um absurdo é pagar até R$ 200 mil para bandas de fora, que levam o dinheiro para longe do Piauí?, disse José de Sousa. Bertoldo, comentou que conta nos dedos os músicos piauienses que possuem uma carteira nacional de músico ?Faltam escolas de música?, disse. João de Deus sugeriu que houvesse um percentual obrigatório de bandas nacionais em eventos e festivais.

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