Programa Super Top promove debate sobre transsexualidade

Objetivo é contribuir com a sociedade trazendo mais informações.

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Apesar de ter se tornado um assunto cada vez mais debatido no dia a dia, ainda é preciso esclarecer para as pessoas questões sobre identidade de gênero, como a transexualidade e travestismo, por exemplo. Pensando nisso, o Programa Supertop, da Rede Meio Norte, resolveu abordar o tema de forma que possa contribuir com a sociedade trazendo mais informações e esclarecimentos.

A apresentadora Raquel Dias, recebeu na tarde de quinta-feira (03), quatro convidados para abordar o assunto que é bastante pertinente, já que o Brasil é país que mais mata travestis e transexuais no mundo. A matança da população LGBT foi recorde em 2016, com 347 assassinatos, pelos simples fato dessas pessoas existirem.

A coordenadora estadual de enfrentamento a LGBTFOBIA da Secretaria da Assistência Social e Cidadania (SASC), Joseane Borges, contou a sua experiência pessoal como transsexual e falou da importância de se discutir o assunto, em sua fala durante a entrevista, ela citou que desde criança se sente uma mulher transexual, mas só apos a maior idade é que conseguiu as modificações no corpo. Atualmente, aos 33 anos, ela ressalta a necessidade de se buscar informações para se diminuir os índices de discriminação e violência contra a população LGBT.

“Esses espaços são de grande importância, uma vez que eles nos ajudam a desconstruir paradigmas, onde a gente ver que a população LGBT ainda é discriminada e não dão oportunidade de levar informações corretas para a sociedade”, revela Joseane ao destacar a iniciativa do Grupo Meio Norte de Comunicação (GMNC), em discutir o tema. Em sua fala, a coordenadora frisou ainda a importância dos pais em apoiar e respeitar o gênero e a sexualidade de seus filhos.

Por falar em aceitação familiar, a empresária piauiense Amanda Pipa é mãe de uma menina transexual. A filha mais nova tem 7 anos e nunca se reconheceu como menino, sempre como menina. Desde os três anos, quando começou a falar, a menina corrigia a mãe que até então a chamava de príncipe, para que a chamasse de princesa. A mãe então começou a pesquisar sobre o assunto, até que um dia viu uma reportagem de uma menina que havia nascido no corpo de um menino, e ali reconheceu sua filha, dando início logo em seguida ao processo de transição de gênero.

“Eu tive a necessidade de aprender, ter informação, justamente para que não haja essa discriminação e as pessoas se sintam à vontade da forma como elas são. Ainda tenho dificuldades, porque ninguém discute infância LGBT e ela existe e essa é uma bandeira que agora estou militando, para que crianças não sofram punições por terem determinados comportamentos que não são do padrão que a sociedade quer”, enfatizou.

Informação previne violência

Renata Bandeira, psicóloga e membro da comissão LGBT frente a Secretaria de Justiça do Piauí, também participou do debate promovido pela Rede Meio Norte e lembrou que segundo a Classificação Internacional das Doenças (CID), elaborada pela Organização Mundial da Saúde, (OMS), a transexualidade não é uma doença, mas sim transtorno de identidade de gênero e não está ligada à deficiência mental, já que um homem transexual é alguém que sente que o seu gênero é masculino, embora tenha nascido com corpo feminino; já uma mulher transexual é a pessoa que sente que o seu gênero é feminino, embora tenha nascido com corpo masculino.

“Esses debates são importantes para combater a violência, porque as pessoas crescem com normas heteronormativas, machismo e acabam gerando um comportamento violento e repressivo, então a intenção é informar e prevenir violência”, destacou. Muitas vezes os transexuais sabem que se sentem do gênero oposto ao sexo biológico desde que são crianças (mais ou menos aos 6 anos de idade). Normalmente eles expressam o desejo de pertencer ao sexo oposto, preferem brinquedos ou brincadeiras do sexo oposto etc. Também há casos em que um transexual apenas começa a expressar o desejo de pertencer ao gênero oposto ao seu sexo genético já na adolescência, ou na fase adulta.

De acordo com Renata Bandeira, o acompanhamento psicoterápico atua justamente para entender as manifestações deste conflito de identidade de gênero e para que essas pessoas possam aprender a lidar com o quadro para minimizar o sofrimento psíquico.

Vítor Kozlowski, presidente do conselho municipal LGBT de Teresina, destacou algumas conquistas da população LGBT nos últimos anos como o direito ao nome social, que é o nome pelo qual pessoas com transtorno de identidade de gênero preferem ser chamadas cotidianamente, em contraste com o nome oficialmente registrado que não reflete sua identidade de gênero.

“A Rede Meio Norte, o programa Super Top e a sua produção estão de parabéns, justamente porque tem abertura, são formadores de opinião da grande massa que podem ter acesso através da TV sobre questões de identidade de gênero, sexualidade e orientação sexual com informações pertinentes para dirimir preconceitos e combater a discriminação”, declarou Vítor.

O presidente aproveitou a oportunidade para divulgar os mecanismos de denúncias para violação de direitos da população LGBT como o Disc 100, Central de Flagrantes de Gênero, Delegacia de Direitos Humanos e os equipamentos sociais como Centro de Referência LGBT e Conselho Municipal LGBT de Teresina, que trabalham para planejar políticas públicas para o segmento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros.

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