Os professores são, sem dúvida, a base da educação e os projetos desenvolvidos por eles são capazes de mudar o ensino dentro da escola, através do comprometimento da comunidade e dos próprios alunos. Foi dessa forma que duas escolas de tempo integral do Estado tornaram-se referência em nível Fundamental e Médio no Piauí, conseguindo até que estudantes de colégios particulares se matriculassem na Rede Pública de Educação.
O Centro de Ensino Fundamental de Tempo Integral (Cefti) Raldir Cavalcante Bastos, localizado no Bairro Renascença II, zona Sudeste de Teresina, conseguiu elevar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). De nota 2,8 em 2005 eles subiram para 7,1 em 2013, número equivalente a escolas de países desenvolvidos, meta que deveria ser atingida apenas em 2022.
Até chegar a essa conquista foram dez anos de dedicação à frente da escola, cuja direção se comprometeu totalmente com a formação dos seus estudantes, é o que conta o diretor Carlos Eduardo Soares Rodrigues. Ele explica que tudo começou a mudar quando a equipe de professores iniciou o processo de medição de aprendizagem dos alunos, que leva em conta as habilidades e competências individuais dos estudantes.
“Temos documentos que computam o desenvolvimento de cada estudante. Durante a matrícula os pais e os alunos são entrevistados para saber sobre o seu histórico, vida e começamos a trabalhar em cima disso. Isso inclui que o professor seja mais que o profissional que dê aulas, exige que nós sejamos educadores, pois fazemos parte da vida deles e precisamos interferir para o bem deles”, relata.
O diretor também ressalta que a escola repaginou as festas escolares, como a comemoração do Dia das Mães, Festa Junina e o 7 de Setembro, quando os estudantes ficavam semanas ensaiando para essas festividades e as aulas perdiam qualidade. Então, foi pensado o Dia D, data marcada para celebrar esses eventos em apenas um dia, assim os 200 dias letivos seriam 100% aproveitados.
Com fórmula semelhante, o Centro de Ensino Médio de Tempo Integral (Cemti) Didácio Silva, localizado no Dirceu Arcoverde II, zona Sudeste da capital, tornou-se referência no Piauí. Mas nem sempre foi assim. Há mais de dez anos a escola enfrentava problemas de violência, depredação, altos níveis de reprovação e evasão escolar. Através de estratégias de ação a direção conseguiu virar o jogo, atingindo notas altas no Ideb e hoje a escola é a 10º melhor escola pública do Estado. Inclusive 30% dos estudantes vieram de escolas particulares.
“Nós conseguimos que todos os professores se dessem as mãos. O primeiro problema enfrentando foi a violência dentro do ambiente escolar, por isso desenvolvemos o projeto Escola Aberta Escola Comunidade. Nele abrimos as portas para a comunidade ser dona literalmente do colégio, para frequentar de domingo a domingo e pudéssemos preservar o prédio. Por isso, desde 2006 mantemos o índice zero de violência escolar “, conta orgulhoso o diretor Alberto Machado.
Projetos fazem a diferença
Em 2015, o Raldir Cavalcante está desenvolvendo sete projetos que trabalham a cidadania e a educação dentro da escola. Dentre os projetos, a instituição elege o de temática de leitura e escrita para ser desenvolvido durante todo o ano. “O nosso carro-chefe este ano é o Literatura com Aroma de Café, nós o iniciamos em março e iremos terminá-lo em novembro com uma grande feira do livro e de literatura. Nós escolhemos dez autores brasileiros que mais saíram nos últimos sete anos no Enem, cujas obras estão sendo trabalhadas. Cada professor apadrinhou um autor e no final toda a escola conhecerá o trabalho de cada classe, através de seminários que percorrem as salas”, explica Carlos Eduardo.
No Didácio Silva não é diferente, os projetos são responsáveis por envolver os professores, estudantes e a comunidade que também é convidada a prestigiar o projeto. Em sua 9ª edição, o Didácio Arte faz o resgate da escola, no qual os estudantes realizam diversas atividades artísticas em torno de um tema.
“Nós somos referência na parte cultural do Piauí, com esse projeto acredito que seja até o maior projeto de arte de uma escola pública no país. Este ano elegemos o tema “Meio Ambiente e Educação: possível sim um mundo melhor”. Então vamos trabalhar a energia limpa, ecologia e assuntos relacionados. Seu ponto mais alto acontece em público e assim conscientizamos a comunidade que a escola é deles, pois só cuidamos de uma coisa quando nos sentimos donos dela”, Afirma Alberto.