Maxilene Sales tinha o sonho de, junto com a irmã, Morgana Sales Barbosa, confeccionar artesanatos e ter como carro-chefe de um negócio uma boneca feita de pano, para que fosse vendida e parte da renda da peça fosse destinada para instituições que oferecem tratamento contra o câncer. Isso porque Maxilene foi diagnosticada com um câncer na mama, em 2017, realizou tratamento, mas pelo estadiamento avançado da doença, não permitiu que concluísse o desejo de abrir o negócio com propósito.
“Há 8 meses que a Lene, forma carinhosa como a chamava, nos deixou e em uma de nossas várias conversas, me contou sobre esse desejo. O que achei curioso em um primeiro momento, porque ela não demonstrava interesse por trabalhos manuais”, conta Morgana. Mesmo com o sofrimento causado pela ausência da irmã, Morgana se apropriou do sonho da irmã e começou a concretizá-lo. E durante esses oito meses batalhou na confecção das bonecas. “O nome escolhido não é novidade para ninguém, Lene – que significa Senhora soberana que vive na torre de Deus. Nome mais que perfeito“, comenta.
As bonecas são confeccionadas em um atelier, espécie de loja a qual Morgana fez parceria para produzir as peças por ela e outras duas pessoas, Edilza e Elaine, proprietárias do estabelecimento. Até agora foram feitas 10 unidades, todas sob encomenda, com tecido, lã e linha. “Todas são iguais o que muda é a roupa“, fala Morgana ao destacar que “o especial da boneca é a possibilidade de interação e de poder expressar o sentimento pelo olhar“, diz.
Esse mês acontece o lançamento da boneca ‘Lene’, desenvolvida em um processo de muita generosidade e amor, pois quem compra ajuda uma instituição que cuida de criança com câncer. “Esse era o grande sonho da Lene e como para o amor não há barreiras e, rompemos muitas hoje, ele está aqui”, diz Morgana ao entregar uma das bonecas para a Dra. Juliana Barros, médica de Cuidados Paliativos do IBCC Oncologia, que acompanhou Lene na trajetória de tratamento. Segundo a Dra. Juliana, sempre houve muita luta pela vida e pela qualidade do tempo que a paciente fosse passar junto à família. “Acompanhei a Maxilene durante a fase mais difícil da vida dela e é uma honra receber um pedacinho simbólico de Lene em forma de boneca. Os entes que amamos continuam vivos, a partir das ações que podem ser tomadas em lembrança deles. Essa é uma delas”, disse a médica.
Para novembro, Morgana pretende lançar o boneco Max, em alusão ao período de campanha de prevenção ao câncer de próstata.