Uma professora, identificada como Daiane Souza Silva, 23 anos, da rede municipal de ensino de Sobral, no Ceará, foi presa acusada de forjar o próprio sequestro e pedir resgate de R$ 2 mil. Ela foi encontrada dentro de um barro, no centro da cidade, nesta quarta-feira (10). Foi preso também o dono do imóvel em que ela se encontrava, Michel Platini Farias Rodrigues como cúmplice.
Ao sair de casa na noite de terça-feira (9), a professora avisou aos familiares que estava indo para casa do namorado, em Sobral. Horas depois, por volta das 21h, ela telefonou chorando para a sua irmã e disse que havia sido sequestrada.
– Ela ligou para a família e disse aos prantos que tinha sido sequestrada e que por isso não tinha chegado à casa do namorado. Nós só soubemos do suposto sequestro no dia seguinte, por volta das 7h, quando a irmã dela veio até a delegacia registrar a ocorrência. No celular dela tinham fotos da Daiane amordaçada e áudios dos supostos sequestradores. Logo em seguida, saímos em diligências para encontrá-la. Achamos a Daiane no fim do dia – disse o inspetor Leonardo Menezes, da Delegacia Municipal de Sobral.
A professora chegou a enviar um áudio para a irmã, mas gravado por ela mesma, fingindo ser uma sequestradora e alterando a voz e dizendo que quem está falando é uma facção criminosa da região.
“Nós tâmo com a gata aqui, mano. Nós quer dois mil real pra soltar ela. Aqui é o ****, é o comando daqui, é nós que manda. Ela tá aqui com nós. Nós pegou o dinheiro dela e nós quer dois mil real em 24 horas pra soltar a gata. Se meter os homem aí no meio, o negócio vai ferver pra ela, sacou maluco? Nós vamos ficar aqui falando com vocês no zap zap gata. Não perde tempo não, mermão. Se não o negócio não vai prestar não”, dizia o áudio.
Segundo a polícia desde o começo houve suspeitas sobre o suposto sequeestro, mas a família da jovem se mostrava desesperada com o sumiço dela.
– Desde o início estranhamos esse sequestro. É um valor de resgate muito baixo e a vítima mantinha muito contato com a família por áudio. A irmã e o namorado dela estavam desesperados. A mãe ficou na cidade dela, cuidando da filha da Daiane, que tem três anos. Os amigos de trabalho dela já tinham feito uma vaquinha para pagar o resgate – contou.
Uma pessoa acabou reconhecendo o local das fotos enviadas por ela para a família e com isso a professora foi encontrada.
– Fomos até um Centro Umbandista que ela frequenta e mostramos as imagens para as pessoas, para saber se alguém reconhecia o local ou havia visto a Daiane. Um rapaz reconheceu a casa pela geladeira e nos deu o endereço. Quando chegamos, Daiane estava deixando o local com o Michel – disse o inspetor.
Em depoimento à Polícia, Daiane disse que a família a menosprezava e que o sequestro era uma forma de fazê-los dar atenção a ela.
– Ela alegou que tudo não passou de uma brincadeira e que forjou o sequestro para chamar a atenção da família. Disse que ninguém dava atenção a ela. O namorado nem quis falar com ela quando chegou à delegacia de tão irritado que estava. A irmã só sabia chorar e gritar ‘por que você fez isso? E a sua filha?’. Ela ainda disse que sofre de depressão e tem problemas psicológicos. Nós ainda iremos avaliar – disse o inspetor.