Professor sofre ofensas homofóbicas de pai de aluno após nota baixa

Como homofobia não é crime, o fato foi registrado como injúria.

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Em Bom Princípio, cidade do Vale do Caí no Rio Grande do Sul, um professor, que é homossexual, afirmou ter sido xingado e ofendido pelo pai de um aluno, que não gostou da nota do filho. O caso foi parar na Polícia Civil e será investigado.

Segundo o docente Rafael Backes, que dá aulas de língua portuguesa para os alunos do ensino médio da escola estadual Monsenhor José Becker da cidade, o fato ocorreu durante a entrega de boletins da turma, no último sábado (13). O pai de um dos alunos não gostou da avaliação que o filho recebeu.

“O pai, na frente dos meus colegas e na frente de outros pais, usou a seguinte expressão: ‘Só pode ter ficado em CPA em português com aquele veado’. Nervoso, começou a xingar, pediu em qual a sala que eu estava que ele queria conversar comigo e aí ele chegou xingando que ele não levaria o boletim pra casa e jogou o boletim na minha cara”, conta Backes, que leciona há seis anos.

A vice-diretora tentou intermediar pediu para os dois fossem até a secretaria para conversar. "Ele falou várias vezes que na escola não tinha nenhum macho, que ele não levaria esse boletim”, completa o docente. A instituição não divulgou o nome do pai do aluno.

O professor conta que se sentiu humilhado e afirma ainda que nunca escondeu a homossexualidade e que tem uma ótima relação com os alunos.

“Muito ofendido, muito humilhado, porque, desde que sou professor, desde 2009, eu jamais pensei que isso aconteceria comigo. Até então, nunca fui ofendido por nenhum aluno. Fiquei muito chateado, muito revoltado porque o desprezo, a humilhação, é péssimo, a gente se sente um lixo”, declara. “Todos estão chateados revoltados pelo fato que aconteceu, porque a grande maioria dos alunos gosta das minhas aulas, gosta de mim”, completa.

O docente procurou a Delegacia de Polícia e registrou ocorrência. A partir daí, foi aberto um inquérito para investigar o caso. Como homofobia ainda não é crime, o fato foi registrado como injúria e difamação.

“Ele veio fazer esse registro de ocorrência, estamos verificando se houve ou não alguma coisa maior”, diz o delegado Paulo Gilberto Baladão. “É o primeiro caso. Município pequeno, temos número aproximado de 1,5 mil ocorrências por ano, mas não me recordo da incidência desse crime nesse período”, completa.

A diretora da escola, cujo nome não foi revelado, não quis gravar entrevista. Ela confirmou que o pai do aluno estava bastante exaltado, mas garante não ter presenciado as ofensas contra o professor.

A mulher disse ainda que a escola não vai tomar medidas em relação ao comportamento do pai do aluno, mesmo que tudo isso tenha acontecido dentro da ambiente do colégio. A Coordenadoria Regional de Educação, que atende a cidade de Bom Princípio, informou que irá procurar a instituição antes de tomar qualquer providência.

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