Está preso Fábio Raposo, que confessou ter entregue o rojão ao homem ainda não identificado, que detonou o artefato que feriu gravemente o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade. Fabio Raposo foi levado para uma penitenciária na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Fábio Raposo, de 22 anos, foi preso na manhã deste domingo (9) na casa da mãe dele, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio.
A polícia fez também uma busca no apartamento onde Fábio Mora, no Méier, e apreendeu três celulares, o HD do computador e a roupa que ele usava no protesto da última quinta-feira.
?O objetivo era verificar se havia ainda artefatos explosivos ou alguma coisa que o ligasse a algum tipo de organização, black blocs?, diz o delegado Maurício Luciano.
Diferentemente do que afirma o delegado, os black blocs, segundo afirmam eles próprios, não formam uma organização. Segundo explicam, é uma forma de agir, mas sem lideranças ou grupos. Costumam atacar com violência símbolos do Estado e de grandes corporações.
Nas imagens da TV Brasil, Fábio Raposo aparece vestindo blusa cinza, bermuda preta e um pano na cabeça. Ele foi levado para a delegacia e prestou depoimento.
O advogado de Fábio Raposo chegou a afirmar que ele usaria a delação premiada - um benefício legal que prevê redução de pena para acusados que colaborarem com a investigação. Segundo o advogado, Fábio ajudaria a identificar o homem suspeito de ter acendido o rojão que feriu gravemente o cinegrafista da TV Bandeirantes.
No mesmo vídeo da TV Brasil, o suspeito aparece de calça jeans e blusa cinza suada.
A imagem mostra Fábio passando o rojão para ele. Em seguida, o homem de calça jeans e blusa cinza e suada parece se abaixar.
?Nós estamos trancados, conversando com o Fábio, conversando com o Fábio para convencê-lo ao instituto da delação premiada. Ele está um pouco relutante, mas vamos chegar a isso?, afirma Jonas Tadeu Nunes, advogado de Fábio.
Mais tarde, depois de sair da delegacia, em nova entrevista, o advogado de Fábio Raposo disse que a delação premiada não seria possível.
?A delação premiada, 100% não poderia ocorrer porque ele não conhece o rapaz. Também não conhece pessoas que possam identificar este rapaz. Então uma delação premiada ficou frustrada. Mesmo porque se ele conhecesse, ficaria vazio, ficaria temerário para a defesa alegar ou declarar que ele conhece o rapaz?, explicou.
O advogado disse que Fábio Raposo já viu, em outras manifestações, o homem que teria detonado o rojão. E o delegado quer que ele faça o retrato falado do suspeito."A fisionomia ele é capaz e a gente vai ver se a gente promove pelo menos o retrato falado, que poderá ser o único elemento para poder reconhecer aquele que deflagrou o artefato", disse o delegado.
Neste sábado, em entrevista ao Jornal Nacional, o perito Nelson Massini, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que analisou as imagens da TV Brasil, disse que Fábio e o outro homem de blusa cinza agiram juntos.
"É possível se ver a bermuda e a tatuagem numa das pessoas, do Fábio, e na parte superior se vê o outro participante numa perfeita integração. As duas pessoas estão integradas nessa ação, estão juntos", afirmou Massini.
Fábio Raposo foi levado para a cadeia pública Juíza Patrícia Lourival Aciolli, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
?A gente convenceu com argumentos da necessidade da sua custódia para melhor elucidar, cooperação, para garantia da ordem pública, então foram fundamentos técnicos que usamos para convencer judiciário, Ministério Público, da necessidade da prisão e eles se convenceram que neste momento é melhor para a investigação que ele permaneça custodiado. É uma prisão temporária porque foi crime hediondo e será por 30 dias prorrogáveis por mais 30 dias?, disse o delegado.
No prédio onde Fábio mora sozinho, há uma pichação com a inscrição: Black Block. E, em inglês, um xingamento à polícia. "Uma moça que morava ali disse que foi ele", afirmou uma vizinha de Fábio, que prefere não se identificar. Ela disse que conhece o rapaz desde pequeno e que ele nunca teve comportamento violento.
Na noite de domingo (10), o deputado Marcelo Freixo disse, em rede social, que o advogado Jonas Tadeu Nunes defendeu o ex-deputado estadual Natalino José Guimarães, que foi denunciado na CPI das Milícias, presidida por Freio. O advogado afirmou ao jornal "O Globo" que defendeu Natalino apenas no processo de cassação do mandato na Assembleia Legislativa do Rio.