Inep diz que revisará questões do Enem para evitar ‘postura ideológica’

Marcus Vinícius Rodrigues tomou posse nesta quinta-feira (24).

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O novo presidente do Inep, Marcus Vinícius Rodrigues, disse nesta quinta-feira (24) que irá “analisar todo o banco de questões” do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para que tenha “uma postura não ideológica”. Ele afirmou ainda que, como presidente do órgão, poderá ter acesso antecipado à prova.

O novo presidente do Inep, Marcus Vinícius Rodrigues, disse nesta quinta-feira (24) que irá “analisar todo o banco de questões” do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para que tenha “uma postura não ideológica”. Ele afirmou ainda que, como presidente do órgão, poderá ter acesso antecipado à prova.

“Sem dúvida, uma dessas medidas [vai ser] analisar todo o banco de questões que nós temos, fazer com que esse banco de questões tenha uma postura não ideológica, fazer com que esse banco de questões priorize o que realmente é necessário: medir o conhecimento, respeitar as nossas crianças, respeitar os nossos adolescentes”, afirmou Rodrigues, em entrevista à imprensa, após a cerimônia em que tomou posse do cargo.

No evento, ele explicou em discurso que foram traçadas 32 ações consideradas prioritárias para o Inep, incluindo desde gestão de projetos a até uma "revisão criteriosa" dos indicadores de avaliações".

Fernanda Calgaro/G1



Declaração de Bolsonaro

Ele comentou também a declaração do presidente Jair Bolsonaro, em novembro, de que pretendia “tomar conhecimento da prova antes”, em razão da polêmica envolvendo uma questão sobre dialeto LGBT na edição passada. Disse aos jornalistas que Bolsonaro é presidente legítimo do país, mas que os aspectos legais disso serão discutidos.

“O presidente Bolsonaro é o presidente do Brasil, legítimo com 60 milhões de votos. Eu, presidente do Inep, posso ter acesso legal à prova. Isso vai ser conversado e, dentro de todos os aspectos técnicos, aspectos legais, isso será discutido”, afirmou.

Questionado se isso não iria ferir o sigilo da prova, respondeu: “O presidente do Inep pode fazer isso. Então, eu estou colocando que... eu não tenho ainda, estou chegando, isso será analisado de forma criteriosa. O nosso objetivo... quando às vezes o nosso presidente tem uma fala dessa é uma preocupação com o Brasil. Hoje nós temos um presidente que representa os anseios de uma mudança”.


Em gestões passadas, não era comum o presidente do instituto ter acesso à prova antes. "Uma coisa é não ser de praxe, outra coisa é ser legal. O presidente do Inep tem, sim, a autoridade pra ver a prova”, ressaltou.

Ele não quis explicar as razões pelas quais gostaria de ver o exame antes. Afirmou que, em breve, deverá ser convocada uma entrevista para detalhar as ações do Inep.

Nova postura

Rodrigues explicou que há uma "nova postura de governo" e que "um dos motivos" de estar no Inep é por respeitar os seus netos e a infância das outras crianças.

“Isso é uma bandeira muito importante, porque um dos motivos de eu estar aqui é respeitar os meus netos, respeitar a infância também das outras crianças. Então, nós temos como trazer posições respeitando os nossos valores. Eu não preciso chegar nos extremos nem de um lado nem do outro. Nós precisamos ter exames que venham a mensurar o conhecimento, conhecimento em matemática, conhecimento em português. É isso que vai levar o Brasil, é isso que vai levar os nossos estudantes a assumirem uma posição profissional de destaque”, afirmou.

Indagado se quis dizer que as provas de edições passadas do Enem "chegavam ao extremo", respondeu que "não disse isso", mas que "sempre é possível melhorar".

Ministro fala sobre ditadura

Na mesma cerimônia, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, comentou sobre episódios da história do Brasil. Disse que "nós estamos vivendo um ciclo a partir de (19) 46 em que alguns momentos são de volta ao esquema centralizador, como é o ciclo de 64-85, que foi querido pela sociedade brasileira".

"Os militares não caíram de Marte: eles foram chamados pela sociedade brasileira para corrigirem, como uma espécie de poder moderador, os rumos enviesados pelos que tinham enveredado a República", completou.

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