O prefeito Jairo Magalhães, que assumiu posse da cidade de Guanambi, na Bahia, no último domingo (1), começou o mandato de forma controversa: seu primeiro decreto no cargo, mesmo antes de nomear seus secretários, foi a “entrega da chave da cidade ao Senhor Jesus Cristo”.
Magalhães, eleito para a gestão de 2017/2020, declarou na última segunda-feira (2), em decreto no Diário Oficial do Município, que a cidade de Guanambi, que fica a sudoeste da capital baiana Salvador, pertence a Deus. Além disso, afirmou que “as forças espirituais do mal” na cidade estão sujeitas a Jesus.
Entretanto, a parte mais polêmica de seu decreto que gerou mais críticas foi o cancelamento de “todos os pactos realizados com qualquer outro Deus ou entidade espiritual”.
O decreto fez com que o prefeito de Guanambi fosse acusado por usuários na internet de cometer crime de preconceito religioso. Ainda assim, recebeu apoio de muitos católicos. Entre os comentários têm, inclusive, correções ao texto publicado no diário oficial da prefeitura.
“Lendo seu Decreto número um, percebi a seguinte necessidade de correção. Onde se lê 'sobre a proteção do Altíssimo, que significa acima de, leia-se sob a proteção do Altíssimo, que significa debaixo de'. Afinal não podemos nunca estar acima da proteção de Deus", comentou uma das seguidoras de sua página oficial no Facebook.
Além de polêmico, o decreto não condiz com o programa de governo de Jairo Magalhães, no qual colocou propostas como a elaboração de políticas de mapeamento e divulgação da diversidade cultural guanambiense.
Em outro item do programa, menciona “valorizar e dar visibilidade às principais obras artísticas e culturais da cidade – dentro da concepção de museu a céu aberto –, tais como monumentos públicos, projetos arquitetônicos e bairros históricos e até mesmo manifestações efêmeras, como grafites, rituais afro-brasileiros e indígenas etc”.
Com a ampla divulgação do decreto, muitos usaram as redes sociais para se expressar quanto à decisão do prefeito. Enquanto uns se declaravam a favor, considerando a grande porcentagem de católicos e evangélicos, outros aproveitaram da situação para criar memes.