Portão cerrado, cadeado quebrado, sensação de abandono de um espaço no meio da cidade. Este é um cenário que poderia descrever muitos prédios da capital. Sem uso, eles servem de abrigo para moradores de rua, ou mesmo para práticas consideradas ilegais. Mas o cenário descrito não é um local qualquer, trata-se do Centro de Formação Leão XIII, na Vila Operária, zona Norte da capital.
O prédio é da Arquidiocese de Teresina e lá já funcionou um centro de atendimento à saúde há 15 anos. No entanto, hoje, uma parte do prédio está desativada. Dona Maria de Jesus, presidente da Associação dos Moradores da Vila Operária, fala que a população teme o uso daquele espaço para fins de drogadição. ?O prédio está caindo aos pedaços, não há uso social para eles. Lá é alvo de bandidagem e tudo que não presta?, conta Maria de Jesus.
Basta um olhar mais atento para o local que é possível perceber o tamanho do prédio, que antes cumpria uma função social e beneficiaria diretamente os moradores do bairro, com atendimento médico. Hoje ele olha aquela parte do prédio e tem receio. ?Tiraram o hospital para deixar o prédio ao relento, aqui não tem quem passe por essa rua, com medo. Mora ali na esquina e por aqui não há movimentação que não seja às terças-feiras, quando tem novena?, conta o homem de 37 anos, que por medo, preferiu não se identificar.
Atualmente, o prédio está dividido entre as atividades da igreja e da Renovação Carismática Católica. No entanto, o outro lado está desativado. Ao entrar no local, a equipe de reportagem se deparou com grades quebradas, teto derrubado e estantes sem uso. O interior do prédio é dividido por salas, onde aconteciam os atendimentos médicos.
Prédio é usado para fins criminosos
Dona Aparecida Oliveira conta que apesar de não ser moradora do local tem a Vila Operária como o seu coração, pois fica ali todos os dias. Na praça da igreja, há alguns passos do Centro de Formação, é o local de onde ela tira seu sustento. Assim, Dona Aparecida fala com um olho nos santinhos que vende e outro atento ao seu redor, que o espaço tem se tornado muito perigoso desde que foi desativado.
Moradores revelam que o prédio além de ser usado pelos usuários de drogas, também serve como espaço, onde adultos aliciam crianças ou pessoas mais novas. ?É possível observar que ali o lugar é utilizado por pessoas que distraem os jovens e os chamam para fazer o que não presta?, conta uma moradora que prefere não se identificar, referindo-se a aliciamento de menores para drogas e práticas sexuais.
Maria Aparecida conta que o local melhorou com o número de guardas que ali foram colocados. No entanto, os moradores falam ainda que a vivência da própria comunidade tem sido tolhida por conta do prédio. Além dos dias de terça-feira, momento de maior movimentação da região, as pessoas não se atrevem a passar pelo local. Uma parte do prédio, onde funcionam banheiros e bebedouros é aberta também durante as missas.