Matar a fome de quem precisa. Uma verdadeira busca-ativa nas maiores necessidades de pessoas carentes em contexto de pandemia do novo coronavírus. Uma ameaça biológica tirou o pão da mesa de muitos brasileiros, e o poder público em parceria com entidades privadas buscam soluções para o sofrimento e a falta de amparo social.
Sob esta ótica, a Superintendência de Parceria e Concessões (Suparc), com o apoio das concessionárias de Parceria Público-Privada (PPP) que atuam no Piauí, desenvolve o Projeto Parceria e Solidariedade, que já doou mais de 18 toneladas de alimentos, além de máscaras e kits de higiene, beneficiando 600 famílias de Teresina.
A Entrega é feita por meio do Banco de Alimentos da Ceasa, que também contribuiu com a doação. A escolha das famílias foi feita em parceria com 19 entidades que atuam na assistência a comunidades pobres da capital e que são credenciadas pelo Banco de Alimentos. O critério é que os beneficiados não recebam Bolsa Família ou qualquer auxílio financeiro do poder público, contribuindo para sanar os vácuos existentes nos cadastros digitais do Brasil, que acabam perdidos na baixa inclusão tecnológica.
Um exemplo disso foi uma das comunidades beneficiadas, na região do Grande Torquato Neto, zona Sul de Teresina. “São pessoas que não tem o que comer em casa e que foram atendidas pela graça de Deus. Esse projeto foi a salvação de muita gente. Nós víamos a fome invadir as paróquias. Foi uma ação de fé e esperança e agradecemos a todos os envolvidos”, conta o diácono Carlos Nunes, o Diácono “Carlão”, que orientou a Suparc na busca de famílias em situação de vulnerabilidade.
As Igrejas Católicas e Evangélicas têm proximidade com as comunidades e sabem quem mais precisa. “Nós da igreja sabemos quais são aquelas famílias que estão em situação difícil. Com nosso olhar clínico, pudemos contribuir de forma positiva com o trabalho desenvolvido na entrega destes alimentos”, acrescenta o diácono.
Famílias sem acesso ao Bolsa Família
O que chamou atenção da Secretaria foi o grande número de pessoas em extrema pobreza sem acesso a nenhum benefício. “A idéia surgiu da importância do banco de alimentos neste período de pandemia. Muitas famílias ficariam descobertas. Além da notícia de muitas pessoas que não são atendidas pelo Bolsa Família, porque não conseguiam o acesso a nenhum benefício. Neste cenário, chamamos as concessionárias para integrar a rede de colaboração para doarmos cestas básicas. Mas além disso, queríamos colocar kits de higiene e máscaras”, revela Viviane Moura, superintendente da Suparc.
A Suparc supriu as necessidades das famílias nos três meses de pico da doença. “O projeto precisava ser contínuo no período de abril, maio e junho. Chamamos entidades, como pastorais, que têm relação direta com as pessoas que vivem na extrema pobreza. Essas pessoas até procuram essas pastorais como socorro. Então elas ajudaram nesta busca-ativa”, acrescenta.
As quatro zonas da capital foram atendidas pelo projeto. “Nós trabalhamos com várias comunidades. Vila Meio Norte, Irmã Dulce, Palitolândia. Foram mais de 20 comunidades, representadas por entidades que levavam às cestas. No mês de maio trabalhamos com uma reserva de 100 cestas para a região da Pedra Mole”, conta a superintendente.
No total foram distribuídas 1.600 cestas básicas distribuídas e mais de 2 mil famílias beneficiadas. “Isso sem um tostão do Governo. Foi um trabalho de articulação pública com a iniciativa privada. Entramos com o Banco de Alimentos da Nova Ceasa, que fez toda parte de entrega e logística, a Águas de Teresina, Piauí Conectado, rodoviária e outras. Recebemos mais de mil máscaras e mais de 300 cestas de alimentos da InfraWoman”, enumera.
Assessoria digital para receber auxílio emergencial
Através de tendas informativas nas comunidades, o Projeto também atuou com a instalação com pontos de internet gratuito e organização de filas nas agências da Caixa Econômica, auxiliando os beneficiários do auxílio emergencial.
“O projeto não foi só cesta básica”, frisa Viviane Moura. “Nós vimos na semana passada os resultados, com o início da retomada do pagamento do auxílio, como diminuiu as filas para a busca do benefício. Fizemos tendas que atendiam pessoas que não estavam cadastradas. Mais de 60% das pessoas em Teresina não têm internet. Então fizemos essa espécie de assessoria digital, levando em conta a questão social. Tinha gente que não sabia o número do CPF! É uma forma de incluir mais gente no cadastro e que elas não precisassem ir na porta da agência, aglomerar”, exemplifica.
Visitas virtuais para pacientes com Covid-19
A Suparc facilitou a logística para que pacientes com covid-19 pudessem conversar com parentes.Isso também possibilitou o teleatendimento. “Também criamos junto com a Piauí Conectado a oportunidade de pacientes fazerem chamadas de vídeo com familiares. Eu mesma fiz uma. Meu pai foi internado no Hospital de Campanha até minha irmã, de Fortaleza, conseguiu falar com ele. Hoje meu pai está bem. Nós cedemos tablets e notebooks para facilitar esse acesso. Inclusive para todos os hospitais. Da Polícia, HGV, de campanha. Todos têm essas ferramentas. Parte dos notebooks foram cedidos para médicos da linha de frente que não podem ficar nos hospitais mas que fazem teleatendimento”, aponta a superintendente.
A rede foi pensada em vários eixos: a garantia da segurança alimentar, diminuir o sofrimento de famílias com o distanciamento, facilitar o acesso ao auxílio e diminuir as filas em bancos. “Doamos mais de 20 mil máscara para a Caixa redistribuir a quem estava na fila. Também conseguimos de empresas e da ONU 117 mil máscaras que estão sendo utilizadas na busca ativa. Uma marca de cosméticos vai doar mais de 100 mil frascos de álcool gel”, finaliza Viviane Moura.