“Por Deus estou vivo”, diz caseiro que ficou com arame alojado no coração

Objeto atingiu o peito do homem após acidente com roçadeira em fazenda. Morador de São Miguel Arcanjo (SP) passou por cirurgia na capital paulista.

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O morador de São Miguel Arcanjo (SP) que sobreviveu ao ficar quase um mês com um pedaço arame alojado no coração após acidente, recupera-se da cirurgia para retirada do metal. Ele estava internado em um hospital em São Paulo e recebeu alta hospitalar na última quarta-feira (21). Em entrevista ao G1, ele diz que continua vivo por milagre. ?Só por Deus estou vivo. É um caso muito complicado, pois, segundo os médicos, se o arame atingisse outro lugar do coração, ou tivesse dado uma infecção, seria bem difícil sobreviver. Agora estou em casa com a família, tranquilo, sem dores e esperando dar o tempo recomendado pelos médicos?, afirma o caseiro de 30 anos, que prefere não ter o nome revelado.

O arame entrou no peito do homem enquanto ele trabalhava com uma roçadeira, no dia 17 de abril. Segundo o caseiro, no dia do acidente ele sentiu um impacto no peito. Em seguida, começou a ter dores fortes e falta de ar. No entanto, diz que não imaginou que o arame estivesse preso ao coração.

O arame só foi constado por uma tomografia duas semanas após o acidente, pois o problema não era visível em outros exames. ?Quando passei a roçadeira na grama, o pedaço de arame que estava no chão acabou atingindo meu peito. Senti uma batida forte, mas no momento nem percebi o que era. Só senti dor e falta de ar. Tive que parar o que estava fazendo para ir ao hospital. Mas lá não perceberam que o pedaço de ferro estava dentro, até porque não havia muito sangramento e o corte não parecia profundo?, afirma.

O homem conta também que continuou em casa sem saber que estava com o arame, mas sentia os efeitos do corpo estranho alojado no coração. ?Não conseguia trabalhar devido às dores, mas conseguia fazer algumas coisas dentro de casa. Andava, comia, fazia tudo normal. Então quando descobri que tinha um pedaço de arame no coração, tomei um susto muito grande. Minha família também ficou muito apreensiva com a situação. Mas graças a Deus a cirurgia em São Paulo deu certo e a agonia acabou?, ressalta.

Entenda o caso

O caseiro sofreu o acidente em 17 de abril. No mesmo dia, procurou o pronto-socorro do município. De acordo com o responsável técnico pelo hospital, o clínico geral Danilo Almeida, foram feitos exames como eletrocardiograma, raio x do toráx, curativo, além de ser aplicada vacina contra tétano e o caseiro ter ficado em observação. O resultado do exame apontou que o arame estaria no tórax, porém, segundo o médico, não era possível visualizar que o objeto havia atingido também o coração do paciente.

Os exames de tomografia, que comprovaram o arame no coração, só foram feitos em 2 de maio na cidade de Cerquilho (SP). Antes disso, ele havia passado por atendimento médico em Itapetininga (SP).

Depois de ser constatado o arame, o paciente passou por atendimento em Sorocaba (SP) para, então, ser transferido ao Hospital Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, onde foi feita a cirurgia de remoção no último 9 de maio.

O médico que atendeu o paciente e pediu os exames, o gastrocirurgião Manoel Eduardo Borges Marques, afirma que o homem ter continuado bem é um fato raro. ?Esse caso é tão específico que nunca saberemos se pode acontecer de novo. Eu nunca havia visto algo assim. O ?cara? ficou com um arame alojado no coração e estava andando como se não tivesse acontecido nada?, revela.

Para o especialista, o caseiro teve sorte de não ter tido consequências mais graves. ?Ele teria morrido primeiramente se o arame fosse de uma espessura maior. Segundo, se tivesse atingido uma câmera de pressão maior, como o ventrículo esquerdo, ou provocado até mesmo hemorragia para fora do coração, e que fosse contido pelo pericárdio, que é uma membrana, uma bolsa, que reveste o coração para protegê-lo em condições normais. Esse sangue extravasando entre a superfície externa do coração e este saco pericárdico, poderia estrangular o coração, sufocar o coração, e desencadear um quadro de insuficiência cardíaca comprometendo assim a vida do paciente?, explica.

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