Reivindicando melhores condições de trabalho e reajuste salarial, policiais civis do Piauí decidiram paralisar as atividades, por tempo indeterminado, na manhã dessa segunda-feira (25), no pátio do Centro Administrativo, localizado na região Centro/Sul da capital. Participam da mobilização as delegacias do Estado, o Instituto de Criminalística e o Instituto Médico Legal (IML).
Segundo Andrea Magalhães, presidente do Sindicato dos Delegados do Estado, a estrutura precária que trabalha a Polícia Civil é o principal motivo da paralisação dos profissionais e afirma que a sociedade precisa conhecer a situação.
"É uma paralisação de conscientização da população piauiense sobre o descaso que vem sendo tratado a Polícia Civil. Além do reajuste salarial, as delegacias estão sucateadas, não temos as condições mínimas de trabalho, tem delegacias nos interiores que não há nenhum policial civil, que o único contingente do delegado são dois policiais militares. Muitos até a mercê de aposentadoria. A gente quer que todos conheçam os nossos meios de trabalho", explica.
A presidente do Sindicato dos Delegados do Piauí garante que as atividades não irão paralisar totalmente, que serão atendidos casos de estupros, homicídios e latrocínios e, ainda, orientação à população que recorrer aos serviços. Ela destaca que o crime organizado está bem mais equipado que a Polícia Civil.
"As delegacias se encontram em condições miseráveis e a população vai ver e entender que o policial não é super-herói. Não temos superpoderes. O crime está aí, organizado e fortemente armado. Então se não estivermos fortemente armados e equipados, com estrutura e efetivos, vamos sucumbir na linha de tiro", revela.
Um delegado que não quer se identificar confessou que a quantidade de policiais não atende a demanda atual da população. "O sentimento é de frustração.
As delegacias, inclusive na capital, estão sem nenhuma estrutura e sem nenhum investimento. No caso específico da delegacia de homicídios, o delegado tem atendido no corredor.
Além disso queremos a profissionalização da polícia e o respeito a promoção funcional", ressalta. Já uma delegada, que também prefere não se identificar, afirma que os peritos encontram grandes dificuldades de trabalhar, pela falta de material básico. "É uma decepção total.
Para trabalhar no local do crime, os peritos não possuem o material básico como os equipamentos para isolar a área, luvas, macas e outras. Tem mais de ano que ninguém recebe munição. Não temos água nem banheiro. Somos cobrados, mas não temos estrutura mínima", desabafa.
Para buscar soluções, os profissionais da Polícia Civil e o Sindicado dos Delegados do estado se reuniram com a Secretaria de Administração, Delegacia Geral e a Secretaria de Segurança do Piauí, que estes entregaram uma proposta por escrito à categoria. Porém, até o fechamento desta edição não foi fechada nenhuma negociação.