A delegada Martha Cavallieri, responsável pelo caso do menino que teve o olho colado com cola cirúrgica no Hospital Rios D´Or, na zona oeste do Rio de Janeiro, informou que deve ouvir nesta segunda-feira (16) a pediatra que atendeu a criança. Segundo a delegada, além da médica, a polícia também vai colher o depoimento do responsável pelo hospital onde o menino foi atendido.
Conforme informou Martha, o inquérito somente será concluído após a conclusão do laudo complementar, que deve ficar pronto em 30 dias e irá avaliar se a criança ficará com alguma lesão.
? Temos que saber se a criança vai ficar com alguma debilidade, já que o laudo aponta a necessidade de outros exames. Outra pergunta que só poderá ser respondida mediante novo exame é se a lesão causou incapacidade permanente, como uma sequela definitiva. Esses dois quesitos precisam de tempo para serem respondidos.
Na última quarta-feira (11), a delegada ouviu a médica cirurgiã que fez o procedimento no olho do menino. Em depoimento, ela informou que a criança teria passado a mão no local do ferimento, fazendo com que a cola entrasse no olho.
? A criança estava adormecida, de lado. Nesta posição, não tinha como o produto que foi colocado em cima, escorrer para o olho. Se fosse assim, o produto escorreria de lado. O que ela [a médica] disse é que, quando ela aplicou o produto para ligar as duas bordas da ferida, a criança, em um ato reflexo, passou a mão no supercílio, e levou o produto da ferida para o olho.
Segundo a delegada, a médica também disse que limpou o ferimento e o olho da criança, e examinou o local atingido, concluindo que não havia danos ao globo ocular. No entanto, ela observou que o canto externo da pálpebra estava colado.
A médica também informou à delegada que ligou para o oftalmologista após o atendimento. Ele teria dito à médica que avaliou que as providências tomadas estavam corretas. No dia seguinte, o médico examinou o menino e não identificou nenhuma lesão na córnea ou no globo ocular.
Em seu depoimento, o oftalmologista explicou à delegada que o produto cirúrgico usado só junta a pele, mas que o que cola é a regeneração dos tecidos. Segundo ele, quando a pele se recupera, ela expulsa o produto e a cola solta. Na avaliação de médico, o menino levaria de sete a dez dias para se recuperar totalmente, desde que o local fosse constantemente molhado com água morna.
Na segunda-feira (9), o menino passou por um exame de corpo de delito no IML, na Leopoldina, região central do Rio. De acordo com a delegada, o exame é fundamental para a conclusão das investigações.
Relembre o caso
Segundo os pais do menino, a criança sofreu um corte no supercílio após um tombo em casa e foi levada à unidade. Ela foi atendida por uma pediatra e por uma cirurgiã, que usou a cola para fechar a ferida ? um procedimento normal em casos como esse.
O problema, segundo os pais, foi que o produto caiu no olho do menino. Eles deram queixa na Delegacia da Taquara (32ª DP), onde o caso foi registrado como lesão corporal culposa (sem intenção).
Por meio de nota, o Hospital Rios D"Or informou "que o paciente deu entrada na unidade apresentando lesão traumática com aproximadamente 5 mm de comprimento, que foi tratada com um tipo de cola cirúrgica, indicada para pequenas lesões como alternativa ao uso de pontos convencionais".
Ainda segundo a unidade, "algumas adversidades inerentes ao uso deste medicamento podem acontecer. No caso deste paciente, foi feita avaliação pelo médico oftalmologista, que descartou qualquer complicação na córnea ou globo ocular e recomendou tratamento conservador, com uso de compressas e soro fisiológico no local, além de acompanhamento ambulatorial".
O Hospital Rios D"Or encerrou o comunicado afirmando estar à disposição da família e que prestará todo o atendimento necessário.