Na semana em que a tragédia na boate Kiss, em Santa Maria (RS), completa um mês, a Polícia Civil deve finalizar e apresentar o inquérito relativo ao caso. A tragédia matou 239 pessoas na madrugada de 27 de janeiro.
Nesta reta final de investigações, ainda faltam ouvir cerca de 150 depoimentos e receber o laudo final do IGP (Instituto Geral de Perícias).
O documento, um dos mais importantes para a conclusão do inquérito, é esperado pelos policiais já no início da semana. Uma reconstituição do que ocorreu na boate Kiss com a participação de testemunhas da tragédia foi temporariamente descartada pela polícia por falta de tempo hábil para uma análise pelo IGP.
Segundo o delegado Sandro Meinerz, a polícia deverá apresentar o inquérito "no dia 2 ou no dia 3 de março". O prazo final determinado pela lei prevê que a investigação seja estendida até o dia 3 de março, quando vence o prazo das prisões temporárias autorizadas pela Justiça.
Apesar de trabalharem com a hipótese de terminar o inquérito durante esta semana, os delegados não descartam pedir à Justiça a prisão preventiva dos quatro suspeitos presos, o que garantiria mais prazo para a investigação.
Além do laudo, ainda faltam ouvir pessoas importantes como soldados e oficiais dos bombeiros, fiscais da prefeitura e secretários municipais envolvidos com a fiscalização dos empreendimentos comerciais da cidade.
Pelos depoimentos ouvidos no final da última semana, do oficial que assinou o alvará dos bombeiros para a abertura da Kiss em 2010 e do atual secretário de Fiscalização e Controle de Santa Maria, tudo leva a crer que, nesta fase final, a Polícia Civil esteja investigando a documentação que garantiria o funcionamento da boate.
Nas primeiras duas semanas após a tragédia, os policiais priorizaram o depoimento de testemunhas da tragédia e funcionários da Kiss para investigar as causas do incêndio.
Na próxima quarta-feira (27), quando a tragédia na Kiss completa um mês, parentes de vítimas pretendem organizar uma grande manifestação no centro de Santa Maria.
Segundo Mary Torres Ribeiro, 27, organizadora do protesto, o ato começará às 19h na praça Saldanha Marinho e terminará com uma missa na Igreja Nossa Senhora de Fátima.
"Santa Maria ainda está parada, em choque. Precisamos sair do luto e ir para a luta. Queremos mostrar para as autoridades que estamos de olho", afirmou Mary, que perdeu a prima, Flavia Maria Torres Lemos, na tragédia.
A jovem elogiou o trabalho da Polícia Civil, mas disse esperar mais dos políticos da cidade. "A investigação está no rumo certo. No entanto, a prefeitura municipal se calou. Exigimos que uma CPI seja aberta na Câmara", disse.
A organização pede que quem for participar da manifestação use roupas pretas e leve cartazes pedindo justiça.