Após reunião com uma comitiva de senadores na noite de quinta-feira (20), PMs amotinados no 18º Batalhão decidiram continuar com a paralisação no Ceará e recusar a proposta do governo do estado. Os representantes dos policiais tomaram a decisão após o representante da categoria, o ex-deputado federal Cabo Sabino, informar as propostas do governo. As informações são do Diário do Nordeste.
Cabo Sabino interroga os amontinados explicando que "quem comanda amanhã é o Exército Brasileiro. Diante disso, eu pergunto a categoria, qual a decisão?". Os PMs responderam com gritos de "eu não vou embora", mostrando que não aceitariam a trégua.
Em meio a motim de PMs, Ceará tem 29 homicídios em 24 horas
O Ceará registrou o período mais violento do ano entre 6h de quarta-feira (19) e 6h de quinta. Foram 29 assassinatos no estado, conforme a Secretaria Estadual de Segurança Pública. O recorde das mortes ocorre em meio ao motim dos policiais e bombeiros militares do estado por aumento salarial.
De 1º de janeiro a 18 de fevereiro deste ano, a média no Ceará foi de seis homicídios por dia. Até então, a data mais violenta do ano tinha sido 18 de janeiro, quando ocorreram 17 crimes violentos letais.
A violência, no entanto, continuou no Ceará. Na madrugada desta sexta-feira, foram registrados pelo menos mais dois assassinatos. No Bairro Vicente Pinzón, em Fortaleza, um adolescente de 16 anos foi surpreendido por cerca de sete homens que estavam a bordo de várias motocicletas e foi morto a tiros.
Reunião entre Camilo e senadores
Horas antes da negativa dos PMs, o governador do Ceará, Camilo Santana, recebeu a comissão de senadores formada por Eduardo Girão (Podemos/CE), Elmano Férrer (PR/PI) e Major Olímpio (PSL/SP). Camilo buscava uma tentativa de negociar o fim do motim policial que ocorre desde terça-feira (20) no Estado. Alguns policiais militares se dizem insatisfeitos com a proposta de reajuste salarial do governo.
Três policiais foram presos e mais de 300 são investigados por "vandalismo" e "motim", segunda a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social.
Forças Armadas
Jair Bolsonaro classificou como "guerra urbana" a situação no Ceará e afirmou que "o bicho vai pegar" com a chegada dos militares ao estado para auxiliar no reforço à segurança pública. As declarações foram dadas em transmissão ao vivo em rede social, nesta quinta-feira (20).
"Isso é coisa de responsabilidade, coisa séria. Se estamos em guerra urbana, temos que mandar gente para lá para resolver esse problema", disse Bolsonaro.
Ainda nesta quinta-feira, Bolsonaro assinou um decreto autorizando a ação de tropas das Forças Armadas no Ceará, enquanto o estado enfrenta um motim de policiais militares. O envio acontece em meio a um movimento de grupo de policiais militares que reivindicam aumento salarial e após o senador licenciado Cid Gomes (PDT) ter sido baleado quando tentava entrar com uma retroescavadeira em um quartel militar de Sobral, na Região Norte do Estado.