O agravamento do estado de saúde do presidente venezuelano, Hugo Chávez, levou à suspensão nesta segunda-feira (31) dos festejos públicos de fim de ano em Caracas e espalhou a angústia entre seus partidários, que encheram as redes sociais com mensagens de ânimo.
A saúde de Chávez apresenta "novas complicações" após a operação à qual foi submetido em Havana em 11 de dezembro contra um câncer, anunciou o vice-presidente Nicolás Maduro no domingo, em uma mensagem transmitida à nação e divulgada por todas as redes de televisão.
Maduro é o sucessor designado por Chávez e encontra-se em Havana junto ao líder venezuelano.
As ruas da capital amanheceram tranquilas. Os jornais dedicaram suas primeiras páginas à notícia: "Presidente tem estado de saúde delicado", traz o "Últimas Notícias"; e "Maduro: Presidente Chávez apresenta novas complicações", destaca o jornal "El Universal".
"Não sei o que irá acontecer com Chávez, mas nunca havíamos passado um Natal assim, só Deus sabe o que acontecerá com ele e conosco", disse Miguel Enrique, um aposentado de 70 anos do leste de Caracas que estava prestes a entrar na missa.
As autoridades da capital cancelaram imediatamente o tradicional show para encerrar o ano na praça Bolívar e convidaram "as famílias de Caracas e as venezuelanas em geral a esperar o ano novo reunidas em cada lar em uma oração de fé e esperança pela saúde" de Chávez, disse o ministro da Informação, Ernesto Villegas.
Os opositores de Chávez também reagiram às notícias de Havana. "Eu não quero que Chávez morra. Ficaríamos muito mal como povo se uma doença precisasse fazer nosso trabalho para retirá-lo do poder", comentou Enrique Vásquez (@Indiferencia).
O presidente foi operado em 11 de dezembro pela quarta vez para a retirada de um câncer detectado em meados de 2011 e, desde então, o governo informou a conta-gotas sobre a evolução de seu estado de saúde.
"Decidimos permanecer nas próximas horas em Havana acompanhando o comandante e sua família, muito atentos ao processo de evolução", acrescentou no domingo Maduro, em companhia da filha mais velha de Chávez, Rosa Virginia; do ministro da Ciência e Tecnologia e genro do presidente, Jorge Arreaza; e da procuradora da República, Cilia Flores.
"Acreditamos que a avalanche mundial de amor e solidariedade em direção ao comandante Chávez junto a sua imensa vontade de vida e o cuidado dos médicos especialistas ajudarão nosso presidente a travar com êxito esta nova batalha", acrescentou Maduro, que também ocupa o cargo de Chanceler.
Posse em janeiro
Chávez, de 58 anos, foi reeleito no dia 7 de outubro e sua posse estava prevista para 10 de janeiro perante a Assembleia Nacional, segundo dita a Constituição.
No entanto, o governismo afirmou que esta data é adiável se o presidente não estiver neste dia em condições de reassumir o poder para um novo mandato de seis anos.
Pouco após a divulgação da notícia por Maduro de Havana, o ministro da Informação, Ernesto Villegas, rejeitou no canal oficial VTV os rumores que se intensificaram nas últimas horas nas redes sociais sobre a suposta morte do presidente.
"Vocês podem imaginar que a filha (Rosa Virginia) pudesse estar sentada nesta transmissão, serena (...) se isto tivesse ocorrido", perguntou-se Villegas.