Piauí vai ampliar assistência a crianças com cardiopatia congênita

Uma das ações é o mutirão cirúrgico em Teresina

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Antes de nascer, a pequena Maria Cecília, de 2 anos e 8 meses de idade, já tinha um diagnóstico: sofria de cardiopatia congênita. Foi numa ultrassom morfológica, que os pais, Maria da Conceição e Fábio Costa, de José de Freitas, descobriram que os cuidados à segunda filha teria que ser redobrado, de renúncias, mas de muito amor. A nova rotina começou logo aos cinco meses de gestação, quando a família teve que vir para Teresina, para dar continuidade ao pré-natal.

Para um melhor acompanhamento gestacional, o parto foi realizado no Hospital da Forças Armadas. “Lá, minha esposa passou por mais exames. Quando Maria Cecília nasceu, foi direto para UTI. Aos quatro meses, fez a primeira cirurgia. A alta veio aos sete meses idade”, conta Fábio, técnico em celular, que ficou no Piauí, cuidando do filho mais velho.

Com pouco mais de um ano de idade, outro procedimento, também foi realizado no Hospital das Forças Armadas, em Brasília. Depois de três meses internada, a alta. “A cada seis meses, voltamos, para fazer o check up. E em setembro, a terceira e última cirurgia, com muita fé em Deus”, relata. 

A assistência a Maria Cecília e aos familiares só foi possível pelo trabalho da Secretaria de Estado da Saúde, por meio do Tratamento Fora do Domicílio(TFD), que custeia passagens aéreas e despesas com alimentação e hospedagem, com o ressarcimento de diárias. O agendamento das consultas, exames e procedimentos cirúrgicos são feitos pela Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade(CNRAC), do Ministério da Saúde.

Por ser um procedimento que o Piauí não realiza, a maioria das cirurgias de cardiopatia congênita são realizadas fora do Estado, principalmente em Pernambuco, São Paulo, Brasília e Rio Grande do Sul. As especificidades do procedimento fazem com que poucos estados ofertem assistência, sendo uma demanda crescente em outros locais, como Alagoas e Paraíba, que na última sexta, 9, em reunião com os secretários de Saúde do Nordeste, expuseram suas preocupações, que também foi compartilhada pelo secretário de Saúde do Piauí, Florentino Neto.

“Discutimos com os estados soluções para problemas que também são enfrentados por nós. Na reunião, tive a oportunidade de conversar com Alagoas e da Paraíba e pude ver com eles como eles estão trabalhando para superar a grande dificuldade do tratamento da cardiopatia congênita. Esses estados já têm um caminhar na solução dos problemas e nós aqui estamos absorvendo a experiência, buscando informações para melhorar a assistência a essas crianças”, afirmou Florentino.

Na semana passada, em reunião com representantes do Fórum da Primeira Infância, Florentino Neto designou uma comissão de médicos para estudar a viabilidade de se implantar mutirões cirúrgicos para atender as crianças cardiopatas, explica ele. “Nós queremos implantar um serviço, até o primeiro momento, em regime de mutirão, sazonal, mas nós temos que ter em mente a implantação de um serviço ou de uma rede de atenção que seja permanente. A gente tem que trabalhar para atender universalmente e integralmente. Estamos determinados, toda a equipe da secretaria, para juntos encontrarmos uma solução”, ressalta.

De janeiro a maio de 2017, o secretário afirma que 21 crianças com diagnóstico de cardiopatia congênita deram entrada no CNRAC. Dessas, 13 já estão com agendamento feito, sendo que somente em junho, quatro crianças serão atendidas: duas já viajaram para São Paulo e mais duas deverão viajar até o final do mês. 

Entre 2015 a 2016, foram mais de 50 crianças que tiveram acesso ao tratamento fora do Estado. 

 

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