Piauí registra mais de 200 casos de maus-tratos a animais

Em 2018, foram registradas, em média,20 denúncias informais por mês

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O Brasil ficou de luto com o caso do cão assassinado em um supermercado. Mas será que o piauiense trata bem os animais? O Estado registrou mais de 200 denúncias de maus-tratos em 2018. De acordo com levantamento da Delegacia de Meio Ambiente, foram 41 denúncias formais (Boletim de Ocorrência) durante o ano e uma média de 20 denúncias informais por mês. O número alarmante mostra o reflexo de pessoas sádicas.

Em nível de Estado, a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente atua no combate aos crimes de maus-tratos de animais, que podem ser mutilações, ferimentos ou colocar o animal em situações que prejudiquem seu bem-estar. “Como privá-lo de alimentação, local adequado para ele sobreviver. Pode ser um local insalubre, sujo, sem as mínimas condições de dignidade”, exemplifica Bruna Fontenele, delegada de crimes ambientais do Piauí.

A polícia investiga os possíveis agressores a partir de denúncias da sociedade civil. “Ficamos ao lado da Potycabana, em frente ao shopping. Funcionamos em horário de expediente para boletins de ocorrência. As denúncias também podem ser feitas por telefone ou on-line, através do whatsapp, e podem ser anônimas. A partir dessas informações, nós vamos ao local verificar a real situação, apurar os fatos e, constatado o crime, nós fazemos o procedimento criminal na Delegacia”, acrescenta a delegada.

E ao que parece, os agressores de animais poderão passar mais tempo atrás das grades. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal aprovaram, no final de 2018, um projeto de lei que eleva a pena para maus-tratos a animais que incluam a prática de zoofilia, o estupro de animais.

O texto foi modernizado ao discernir o tipo de violência, pois, atualmente, a legislação prevê acréscimo de um terço ou um sexto da pena apenas quando o animal morre. A PLS 470/2018 aumenta a pena máxima de três para quatro anos de prisão, além de multa. O dispositivo vai alterar o texto da Lei 9.605/1998, que dispõe os chamados crimes ambientais.

A história de Bob e Jack

Bob e Jack são dois lindos cães “SRD”, os sem raça definida. Muita gente chama de vira-lata, mas qual ser no mundo é mais puro que um cachorro? Algumas pessoas não levam isso em consideração e praticam o que há de mais cruel com esses seres, que, sim, são vivos, possuem sistema nervoso e sentem a mesma dor que os seres humanos.

É o que conta Maria Ruth, militante da causa animal da Protetores de Patinhas, ONG que realiza um trabalho de resgate de animais em situação de risco. “No dia dois de novembro, nós recebemos um pedido de ajuda. Havia dois cães dentro de sacos de estopa, amarrados, jogados na Avenida Maranhão. Quando vimos a foto, percebemos que não poderíamos fechar os olhos. Divulgamos, pedimos ajuda financeira e muita gente ficou sensibilizada”, conta.

O processo de resgate foi marcado por muita tensão, pois ninguém sabia o local exato do paradeiro dos animais. “A Avenida Maranhão é muito extensa. Por volta das 10h, uma moça mandou mensagem dizendo que alguém teria ido lá agredir os cães. Com isso, tentamos ao máximo agilizar o resgate. Uma moça de outra ONG fez o resgate e nos entregou os cães, que foram recebidos em uma clínica, nos primeiros socorros, e em uma segunda, para internação”, relata Maria Ruth.

A membra do Protetores de Patinhas conta que, felizmente, os animais não tiveram grandes prejuízos físicos. “Os meninos não conseguiam nem mexer a cabeça, apenas os olhos. Eles estavam muito machucados. Pensamos que não resistiriam. Mas a recuperação foi rápida e incrível. Foram feitos raios-x e não foram encontradas lesões aparentes, como ossos quebrados”, lembra.

Bob e Jack estão prontos para distribuir carinho para famílias interessadas em adotá-los. “Tememos lesões neurológicas, então buscamos fisioterapia para os cães. Eles foram avaliados e soubemos que eles tinham a chance de voltar a andar. Em menos de 15 dias eles voltaram a andar, correr e pular. Atualmente, eles estão em lares de pessoas voluntárias, disponíveis para adoção. Quem quiser fazer essa boa ação, basta entrar em contato conosco pelo instagram @protetoresdepatinhas”, finaliza Maria Ruth. (L.A.)

Universitária denuncia ponto de abandono de animais no Bela Vista

A estudante universitária Marcella Sara denuncia o abandono de animais no bairro Bela Vista, zona Sul de Teresina. A família da moça já resgatou mais de 30 animais abandonados, tanto que atualmente eles cuidam de 8 cachorros e 10 gatos. Os demais recebem cuidados e são encaminhados à adoção, mas alguns, vítimas de maus- tratos, terminam não sobrevivendo.

Marcella diz que não sabe mais o que fazer, porque a empatia pelos animais acaba falando mais alto. “As pessoas sempre abandonam animais aqui. Já doei muitos, outros acabei adotando. Eu estou com cinco gatos aqui dentro de casa e duas cachorras. Além disso, essa é a casa da minha avó, não tenho mais condições de pegar os animais para criar”, relata.

Além do terreno próximo à casa onde Marcella abriga os animais, há outros pontos de abandono próximos. “Eles deixam em uma escola aqui perto, abandonam gatos. Tem uma vizinha que alimenta e minha tia, que é diretora da escola, também. Mas já está demais. As pessoas não têm responsabilidade e abandonam os bichinhos”, acrescenta Marcella.

O estado de saúde de muitos animais é delicado. “Tem um gato cego aqui comigo. Quando ele foi abandonado, os olhinhos estavam fechados. Também tenho uma fêmea, que está para adoção com castração garantida. Muitos eu criei dando leite na mamadeira. Apareceu um cachorro aqui com bicheira no nariz, minha mãe cuidou dele e ele não foi mais embora. Infelizmente ele morreu ano passado. Ele sofria muito para respirar”, lembra Marcella Sara.

Procurada pela reportagem, a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente lembra que o abandono de animais é crime previsto em lei e que denúncias podem ser protocoladas junto à delegacia.

A estudante busca lares responsáveis para os animais abandonados. Os interessados podem entrar em contato com este repórter através do e-mail lucrecioarrais@meionorte.com ou através das redes sociais do @jornalmeionorte, no Facebook e Instagram. (L.A.)

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