A pandemia do novo coronavírus trouxe um novo contexto para os mais diversos âmbitos sociais. A educação, por exemplo, sofreu um grande baque com a impossibilidade de aulas presenciais por conta da transmissibilidade da doença. Com isso, as atividades remotas passaram a tomar o tempo dos estudantes, que tiveram que se adequar a uma nova realidade de ensino e aprendizagem.
Mas será que essa prática pode se tornar algo leve e facilmente adaptável ao cotidiano desses adolescentes em formação? Com o sistema de aulas remotas em prática, alunos, pais, gestores e professores vêm se adequando ao novo ambiente escolar, que passou a ser as suas casas. A mudança na rotina, o distanciamento social e a nova realidade, muitas vezes podem causar alguma dificuldade de aprendizado e falta de estímulo.
Então foi pensando nas questões emocionais que a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) desenvolve o Projeto Estudar Pode Ser Leve, que tem como objetivo contribuir com a saúde física e mental de estudantes e seus familiares, professores, gestores e demais profissionais da rede durante esse período de isolamento social.
As ações são inseridas na programação das aulas remotas, transmitidas pelo Canal Educação e consistem na troca de informações, interação, palestras e demais atividades que podem dar suporte socioemocional para toda a rede. As atividades são divididas nos quadros: Dia de Papear!; Chega aí!; Se liga na ideia!; Conectando ideias!; e Desatando Nós na Educação.
O apoio psicológico já evitou casos extremos. Há casos em que os alunos sofrem com automutilação e ideação suicida. “Esse projeto é um desdobramento de uma ação presencial da secretaria. Articula arte, formação e articulação da rede protetiva. Aglutinamos Ministério Público, Conselho Tutelar. Começamos em 2019, adaptando para o período da pandemia. Temos recebido um retorno positivo de alunos que estavam angustiados e hoje desenvolvem atividades e ter um processo de interação maior. Os próprios familiares também dão esse retorno. Porque nós também analisamos o contexto familiar”, explica Ana Rejane Barros, Gerente da Unidade de Gestão e Inspeção Escolar.
Suporte psicológico em primeiro plano do projeto
A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez o alerta para o cuidado com a saúde mental neste período de incertezas. Isso tem tido reflexo também na educação do Piauí. Tantos os profissionais da educação como, sobretudo, os alunos, sentem na mente a falta do convívio social e afetivo com os colegas.
“Ansiedade entre alunos e professores vem crescendo”, reforça Tamires Honório, psicóloga da Seduc. “Os gestores, coordenadores e diretores entram em contato com a gente e passam o contato do aluno que precisa de atendimento. Nessa escuta observamos as demandas. Os alunos estão mais ansiosos por conta do isolamento e da intensificação de atividades escolares. Trabalhamos o planejamento do dia. O horário do sono. A hora de mexer no celular. Temos que trabalhar isso para manter uma rotina saudável”, acrescenta.
O Desatando Nós, outra linha de frente do projeto, tem como objetivo propor um momento de diálogo entre professores e técnicos. “Esses encontros virtuais possibilitam discutir os desafios e dificuldades da realida escolar no qual estão. Junto com eles propomos estratégias para o período. Junto a isso, temos os grupos focais, com professores de escolas mediante solicitação. Esse período trouxe mudanças que não pudemos nos preparar. Além do processo pedagógico, há também questões de adaptação. São desafios educacionais em um novo formato que também criam instabilidade emocional nesses profissionais. Trabalhamos saúde física e mental”, explica Carolina Martins, psicóloga da Seduc.
Raquel Gadelha, também psicóloga da equipe, ressalta que o lado artístico dos alunos também é explorado. LO conectando ideais promove a interação do alunos, além de que habilidades desenvolvem. Ele teve uma abertura onde os alunos puderam enviar vídeos cantando, tocando, decolando poesia, escrevendo, etc várias habilidades surgiriam”, conta.
Lúdico ganha seu devido espaço entre alunos
Engana-se que o encantamento provocado pelo lúdico só diverte as crianças pequenas. Os adolescentes também ganham inspiração através da singeleza da arte. Adriana Oliveira, professora de Educação Física, vive a Boneca Drica, que acorda quando as crianças deixam de mexer no celular.
A professora conta um pouco sobre o argumento da produção teatral. “Quando nos permitimos sonhar, a gente consegue entrar dentro das possibilidades como pessoa. Fazemos isso quando criança até sermos podados por necessidades e como somos criados. Isso é cultural. As crianças têm um encontro cedo com tecnologias. Então a boneca Drica surge nesse intuito de estimular o sonhar. A imaginação faz com eles se compreendam”, analisa.
O ator Valdsom Braga também integra o campo lúdico da programação do Canal Educação. Com o Pescador de Sonhos, o artista busca trabalhar questões emocionais. “A arte pode salvar para suprir necessidades e combater ansiedade. A arte trabalhar de forma direta. Alunos tristes trabalham com cores escuras e depois elas passaram a pintar usando mais cores. É libertador. Divulgar a arte é tempo de salvar vidas”, finaliza.