Biocurativos, laser, visão artificial. O Piauí também é um celeiro científico, onde a inovação mira o cotidiano com soluções que impactam diretamente na vida das pessoas.
Klinger Rodrigues, doutor em farmacologia e professor da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), campus de Parnaíba, por exemplo, usa celulose bacteriana para curar feridas de humanos e animais acometidos pela leshimaniose.
Klinger Rodrigues é doutor em farmacologia e professor da Ufpi (Foto: Divulgação)
"No biocurativo, iremos incorporar um novo candidato a fármaco leishmanicida desenvolvido por nosso grupo de pesquisa, chamado de SB-83", explica.
O estudo vislumbra a aplicação do biocurativo pelo próprio paciente em casa, diretamente nas lesões cutâneas da chamada leishmaniose tegumentar, que atinge a pele.
"Ele possui alta aderência à pele e está sendo produzido para termos uma liberação controlada do fármaco e poder ser trocado somente uma vez ao dia. Isso vai gerar um maior conforto ao paciente e maior aderência ao tratamento, uma vez que o tratamento convencional requer injeções diárias que são doloridas e possuem muitos efeitos adversos", conta Klinger.
Alunos da UFPI usam laser para cicatrização feridas provocadas pela diabetes (Foto: Divulgação)
Ainda em Parnaíba, o professor Vinícius Cardoso, da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDpar), e os alunos Pedro, Cristiana, Rebeca, Fernanda, Rayana, Leydnaya, Suzana, Lorena e Ana Carolina desenvolvem uma pesquisa usando laser para cicatrizar feridas provocadas pela diabetes.
O tratamento com laser é muito utilizado na fisioterapia, mas o foco é o chamado pé diabético, em um ambulatório em Parnaíba para este tipo de lesão.
"O laser é uma luz, com um espectro de 904 nanômetros, invisível ao olho humano, aumentando o metabolismo e o poder de cicatrização das células. Temos vários trabalhos assim, mas faltam dados para uma precisão científica. Estamos atendendo a comunidade no ambulatório e contribuímos com a ciência", explica Vinícius.
Estudos têm resultados promissores
Em Picos, a ciência também norteia os conhecimentos. O professor Antonio Oseas de Carvalho Filho, doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Maranhão (Ufma) e professor da Universidade Federal do Piauí (Ufpi) em Picos, mostra o valor da chamada visão computacional.
"Visão computacional é uma área de estudo muito ampla que visa explorar e propiciar a máquinas, em conjunto com técnicas de machine learning, a capacidade de interpretar e classificar objetos e cenários, através de análises de imagens ou de vídeos, sejam estes, com duas ou três dimensões", determina o pesquisador.
O funcionamento depende da aplicação de um conjunto de técnicas, todas com forte embasamento matemático. "Em conjunto com técnicas de machine learning e de visão computacional, é possível construir soluções", acrescenta.
O estudo é importante para diagnóstico de pneumonia. "Nas imagens de TC e Raio-X em que nossos estudos foram testados, nossos algoritmos foram capazes de entender que haviam padrões entre as doenças, esses padrões se referem a propriedades geométricas e de textura e como estas se relacionam ou se comportam dentro da imagem. E, com isso, foi possível construir uma solução robusta para classificação de pneumonias, as quais conseguimos resultados promissores", finaliza.