O governador Wellington Dias recebeu comunicado do diretor de Ativos de Terceiros do Banco do Nordeste, Luiz Carlos Everton de Farias, destacando a luta e o empenho do gestor piauiense pela aprovação, por parte do Ministério da Integração Nacional, de nova regulamentação que permite aos Fundos de Investimentos Regionais financiarem, até o limite de 60% total de projeto de geração de energia por aproveitamento das fontes de biomassa, pequenas centrais hidrelétricas, parques eólicos e centrais fotovoltaicas (energia solar).
De acordo com o Ministério da Integração nacional, os Fundos Constitucionais e de Desenvolvimento para as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste ampliarão suas linhas de financiamento para o setor energético. A medida, publicada nesta segunda-feira (25), no Diário Oficial da União, garantirá investimentos no setor para diversificar a matriz energética com fontes limpas e renováveis.
Conforme nota do Ministério, os Conselhos Deliberativos dos Fundos regulamentarão as prioridades de crédito e os limites das operações. “Estima-se que as contratações do setor energético junto aos bancos operadores tenham um incremento de R$ 1,5 bilhão, da previsão de R$ 26,3 bilhões destinados pelos fundos regionais para investimentos em todos os setores econômicos.”
Avaliam os técnicos do Ministério da Integração que a projeção é de um crescimento de 7,32% do PIB das três regiões, que poderá ultrapassar R$ 9,3 bilhões e a geração de 40 mil postos de trabalho no setor de energia. No total, a expectativa é de que os fundos vão gerar 580 mil postos de trabalho em 2016. Estimativas para os próximos quatro anos indicam investimentos de R$ 112 bilhões pelos Fundos Regionais.
O potencial piauiense – O governador Wellington Dias tem particular interesse nesses investimentos, considerando que o estado vem sendo apontado como um dos territórios de maior potência na exploração de energias renováveis. Parques de produção de energia limpa vêm se espalhando pelo litoral e por grande parte do sertão piauiense, com a perspectiva de transformar vidas de milhares de famílias que sofrem os efeitos da grande estiagem, uma vez que sobrevivem da plantação. Só a instalação das torres de geração de energia significa uma nova fonte de renda e até mais lucrativa, em muitos casos, para o agricultor que aluga um pedaço de chão para instalação dos equipamentos. Há especial destaque no aquecimento econômico dos mercados locais e o incentivo à formação profissional no setor.
O secretário de Estado da Mineração, Petróleo e Energias Renováveis do Piauí, Luís Coelho, comemora o que chama de “revolução” o que vai acontecer nos próximos anos, com a implantação de novos parques eólicos e painéis solares, para produzir mais energia, suficiente para abastecer todo o Piauí e parte do Nordeste. “O Piauí produz atualmente mais energia do que consome, cerca de 750 megawatts, com os parques do norte, que fornecem parte da energia que abastece a região de Piripiri, e da região do Araripe, responsável por fornecer parte da energia para abastecer a região de Picos. O restante da energia produzida hoje é vendido para outros estados”, explica.
Até o início do mês março passado, o Piauí possuía 15 parque eólicos, com capacidade de produção (em potência instalada) de 750 megawatts para atender a uma população de 4 milhões de habitantes. Os parques eólicos empregam cerca de 3 mil trabalhadores nos municípios. Se forem acrescentados os parques em construção ou sendo concluídos serão 42, viabilizando a produção 1,1 de gigawatt de energia.
Luis Coelho lembra que só o Grupo Votorantim está implantando no Sul do Piauí o maior parque eólico já instalado no estado, com 300 turbinas ou aerogeradores, espalhados em propriedades rurais nos municípios de Curral Novo, Betânia do Piauí e Paulistana. O parque tem capacidade de produção de 628 megawatts de energia, o que equivale a três barragens de Boa Esperança, hidroelétrica instalada em Guadalupe. A Votoratim investe R$ 3,3 bilhões no empreendimento.
Outro projeto em fase de implantação prevê a montagem de um megaparque eólico, na Serra da Ibiapaba, na fronteira com o Ceará, compreendendo a região de Assunção do Piauí, Buriti dos Montes e São Miguel do Tapuio, que deverá produzir 4,4 gigawatts (4 mil megawatts) de energia. Ou seja, vai multiplicar por quatro tudo que já foi implantado no Piauí em energia eólica.
O secretário informa que existem pelo menos três projetos relacionados ao ICMS da energia limpa tramitando no Congresso para beneficiar os estados produtores. “O assunto interessa não só ao Piauí, mas a todos os estados produtores de energia, principalmente nas regiões Norte e Nordeste”, acrescenta.
Empresas estão chegando
Uma das mais recentes empresas a se instalar no Piauí é a Contour Global, com sede em Nova York, que comprou participações acionárias em parques eólicos que estão sendo construídos no estado, um dos quais a Chapada do Piauí, inaugurado recentemente. Ao todo, os projetos vão consumir investimentos de R$ 1,8 bilhão (US$ 845 milhões). Segundo o governador Wellington Dias, esse último empreendimento abrange os parques Chapada do Piauí II e III, contemplando os municípios de Marcolândia, Simões, Padre Marcos e Caldeirão Grande. O parque possui uma capacidade para gerar 436 MW, o que representa um potencial para fornecer energia para mais de um milhão de residências.
“É um ganho significativo para o Piauí”, garante Wellington Dias, que recentemente esteve na Europa tratando de atrair mais investimento de empresas internacionais para o setor. “O Piauí quer produzir, ainda nesta década, tudo o que o Brasil produzia até o ano de 2014, algo em torno de 6 ou 7 gigawatts”, vislumbra o gestor.