O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) vem fazendo alerta de “grande perigo” em razão da onda de calor e baixa umidade do ar em várias regiões do país, inclusive no Piauí. De acordo com o INMET, há risco de morte por hipertermia, quando a temperatura corporal sob além dos 40°C, o que pode comprometer a saúde ou até mesmo levar à falência de órgãos. O Instituto adverte ainda que esse calor, com baixa umidade do ar, não deve dar trégua.
No Piauí, o clima deve continuar seco e quente nos próximos dias, sem previsão de chuvas em muitas regiões e atingindo limites da tolerância extremas de calor e umidade. Médicos aconselham a ingestão frequente de líquidos, evitar exposição ao sol nas horas mais quentes, usar hidratante para a pele e umidificador de ar nos ambientes domésticos e de trabalho.
Na sexta-feira (9) as cidades do Sudoeste do Piauí ficaram com a umidade relativa do ar abaixo de 15%. As temperaturas variaram entre 24°C a 41°C. Nas regiões Norte, Centro-norte e Sudeste a umidade ficou em torno de 20%. Em Teresina a temperatura ficou na casa dos 40°C e a umidade relativa do ar em 19%, atingindo um patamar de perigo para a saúde humana, animal e de grande risco de incêndios florestais.
Ao longo da última semana, o Estado apresentou elevadas temperaturas e baixa umidade do ar, numa associação incômoda de calor e secura. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Semar), divulgou um Boletim da Gerência de Hidrometeorologia, em que mostrou que a cidade de Bom Jesus, no Sul do Estado, registrou temperatura de 41,9ºC (a maior do Piauí em 2020) e índice de 9% de umidade relativa do ar. Gilbués registrou umidade do ar de 14%, com a temperatura, durante boa parte da tarde, chegando a 39 graus.
Picos atingiu 16% na umidade do ar e a temperatura chegou a 38 graus. São Raimundo Nonato também alcançou 38 e a umidade baixou para 19%. A mesma temperatura, de 38, atingiu Floriano e a umidade ficou em 20%. Teresina marcou novamente 39 graus de temperatura e a umidade ficou em 21%. Em termos de umidade do ar, Parnaíba é um bom lugar para quem precisa fugir da secura. Lá, ontem a umidade do ar mais baixa ficou em 65% e a temperatura máxima foi de 30 graus. Em Luís Correia, a temperatura máxima chegou a 30 graus e a umidade do a 69%. (J.O.)
Tempo seco favorece infecções respiratórias
O tempo seco e a alta nas temperaturas trazem uma série de desconfortos. O respiratório é o mais comum, principalmente no que diz respeito a gripes, resfriados e alergias. “As nossas vias respiratórias são cobertas internamente por uma camada chamada mucosa que acabam sofrendo os efeitos do tempo seco podendo surgir fissuras e ou escoriações, criando uma porta de entrada para vírus e bactérias provocando quadros infecciosos, além de sofrerem mais com os efeitos da poluição pois no tempo seco existe um aumento da concentração de poluentes”, considera José Maurício Lopes, médico otorrinolaringologista.
Portadores de doenças respiratórias crônicas acabam sofrendo mais. “Rinite alérgica, asmáticos, doenças pulmonares crônicas, rinossinusite crônica. Esses efeitos do clima geram crises respiratórias. Para amenizar, recomenda-se tomar bastante água, evitar exposição solar nos horários mais críticos, lavagem nasal com soro fisiológico 0,9%, e uma alimentação mais leve e saudável”, considera.
Umidificar o ambiente de casa pode fazer a diferença: bacia com água, toalha molhada estendida, climatizadores com água. São várias as opções. “Deixar a casa aberta para circulação de ar. Problemas com ar-condicionado: checar sempre a limpeza regular do mesmo e o ar frio também é seco e vai ter um efeito na via respiratória. Usar sempre a umidificação no quarto e deixar a temperatura o mais agradável possível. Sabemos que na nossa região devido o calor temos que recorrer ao ar-condicionado ou ventilador. A pele do corpo também sofre as consequências do calor e tempo seco e para amenizar devemos tomar as mesmas medidas com relação às vias respiratórias associado ao uso de hidratantes corporais, uso de protetor solar e evitar banhos muito quentes”, acrescenta o médico. (L.A.)
Cuidado com os olhos
O tempo seco também prejudica os olhos. “O médico poderá indicar lágrimas artificiais ou medicações específicas, pois o tempo seco também aumenta as partículas em suspensão, que vêm da poluição e podem irritar os olhos. Isso pode desencadear em vários problemas, como a conjuntivite e a síndrome do olho seco”, explica Walda Eulálio Santos, médica oftalmologista.
O tempo seco também favorece infecções. “O clima provoca alterações nas células responsáveis pela produção da camada mucosa da lágrima. É isso que faz com que ela espalhe em toda a estrutura do olho. A glândula das pálpebras produz os componentes desse lubrificante natural, que protege contra lesões e microorganismos. O tempo pode desequilibrar esse processo”, acrescenta Walda. (L.A.)
Alimentação mais adequada ao forte calor
O nutricionista Gleyson Moura destaca que a água é o maior componente do corpo humano, ocupando entre 45% e 70% do volume. A perda de água normal é de dois a três litros por dia para indivíduos submetidos a temperaturas climáticas, com 50% do total perdida em forma de urina. Desta forma, a estratégia de alimentação deve atender principalmente as necessidades de hidratação.
“O ideal seria seguirmos uma alimentação saudável e equilibrada, de acordo com os preceitos do Guia Alimentar para a População Brasileira, ao longo de todo o ano. Porém, nesses meses mais quentes do ano, o consumo de frutas, verduras e legumes são ainda mais importantes, pois auxiliam na hidratação e reposição de sais minerais perdidos na sudorese, geralmente aumentada nesta época do ano’, pontua.
Gleyson Moura destaca que com o aumento da temperatura externa, nosso metabolismo sofre alterações para se adaptar às altas temperaturas e uma das consequências disso é o aumento da transpiração. É necessária a reposição e consumo de líquido para prevenir desidratação. Uma média interessante é calcular 35ml por quilo de peso, podendo variar de acordo com as características de cada indivíduo. Água, água de coco, chás naturais gelados, sucos de fruta natural ou polpa de fruta são boas alternativas.
Bebidas como refrigerante, café e bebida alcoólica em excesso contribuem para desidratação, então o ideal é evitar ou consumir com moderação. Frutas, verduras e legumes são ótimas fontes de vitaminas, minerais, fibras e água, além de serem alimentos refrescantes que combinam com as altas temperaturas. “Boas sugestões de frutas e verduras são melancia, melão, ameixa, abacaxi, tangerina, laranja, chuchu e abobrinha, que são mais ricos em água. As frutas podem ser também consumidas na forma de suco”, disse Gleyson Moura.
Ainda segundo o nutricionista, as carnes magras são as mais indicadas para esta época, pois são mais facilmente digeridas, evitam desconfortos e são mais saudáveis. “Devemos optar pelas carnes brancas de aves, peixes, e cortes de carne vermelha magros. Quanto à forma de preparo, é indicado variar entre cozidos, grelhados e assados, deixando de lado as frituras, que não combinam com o clima quente do verão, além de serem extremamente calóricas”, finaliza. (L.A.)
Reportagem de Lucrécio Arrais