O desempenho dos principais indicadores da economia piauiense apontam que o enfrentamento da crise econômica nacional está se dando de forma diferente pelos diversos setores com registros de avanços consolidados em algumas áreas e em outras os recuos são menores que a média do Nordeste e do Brasil.
Compreender a forma como o Piauí está sendo atingido pela crise é essencial para enfrentá-la e minimizar os efeitos da desaceleração que afeta o País. Os dados levantados pela Fundação Cepro são referentes ao primeiro trimestre do ano comparados com o mesmo período de 2014.
Nos três primeiros meses do ano a arrecadação de Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Piauí atingiu R$ 791,6 milhões, o valor efetivamente recolhido representa um crescimento de 14,19% após ter atingido no ano passado R$ 693,2 milhões. A alta foi de R$ 98,3 milhões.
O mês de janeiro foi o de maior aquecimento na arrecadação com recolhimento de R$ 293,3 milhões alcançando uma variação positiva de 21,84% em relação ao mesmo período do ano passado; em fevereiro o montante recolhido foi R$ 274,2 milhões com alta de 10,58%; e em março chegou a R$ 224 milhões com variação positiva de 9,55%.
A arrecadação de combustíveis, principal suporte da composição do ICMS, atingiu no trimestre R$ 21,31 milhões, com aumento de 12,09%. Na arrecadação de ICMS, por setor de atividade econômica no 1º trimestre de 2015, verificou-se que o setor terciário apresentou a maior arrecadação de ICMS, totalizando R$ 620,9 milhões, com crescimento de 18,04%. Observa-se, também, que o setor secundário apresentou incremento no trimestre de 3,92%, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Os repasses do Fundo de Participação do Estado (FPE) alcançaram R$ 742,6 milhões, com um crescimento de 4,09% em relação ao mesmo período do ano anterior, um incremento de R$ 29,21 milhões. Em janeiro o repasse teve variação positiva de 1,72% somando R$ 268,6 milhões; em fevereiro foi registrado queda de 2,76% em relação ao mesmo período do ano passado com repasse de R$ 274,2 milhões; em março o valor fechou com forte alta – 19,39% - somando R$ 199,7 milhões. No entanto, chama atenção a queda expressiva nos valores repassados entre os meses de fevereiro e março com retração de 27,17%.
Na próxima segunda-feira, dia 29, o Governo do Estado lança a campanha CPF na Nota para incrementar a arrecadação de ICMS. A meta de crescimento é de 10%. “Infelizmente o repasse do FPE não tem crescido na mesma proporção, muito pelo contrário, chegou a ficar nominalmente negativo no mês de fevereiro. Isso requer um cuidado maior com as finanças, o que envolve um controle mais efetivo das despesas, ou seja, temos que economizar mais para manter o equilíbrio financeiro do Estado”, comentou o secretário estadual da Fazenda, Rafael Fonteles.
VENDAS DE UTILITÁRIOS E AUTOMÓVEIS CRESCEM
O Departamento Estadual de Trânsito (Detran) registrou um aumento nas matrículas de três categorias de veículos no primeiro trimestre do ano no Piauí. A maior elevação foi na categoria reboque - veículo de carga independente, sem meio próprio de tração e que possui dois ou mais eixos - com alta de 37,06%.
Os utilitários - caminhonetes - tiveram alta de 15,03% e os automóveis de passeio subiram 0,68%. No período o número total de matrículas recuou em média 13,98%. Na região Nordeste, o incremento se limitou aos ônibus, com 42,75% e reboque, com 7,43%.
No primeiro trimestre do ano foram matriculados no Piauí 19.133 veículos, sendo que a motocicleta participou com 8.476 unidades, equivalente a 44,30%, seguida de automóvel com 5.935 unidades, equivalente a 31,02%; motoneta com 1.746 unidades, equivalente a 9,13% e caminhonete com 1.655 unidades, equivalente a 8,65%, acumulando, portanto, o percentual de 93,10%, acompanhando a mesma tendência do ano anterior. Vale destacar que, entre motocicleta e motoneta foram matriculados 10.222 unidades, equivalente a 53,43%.
Quanto ao cenário regional, no mesmo período, foram matriculados 244.162 veículos, destacando-se também a motocicleta com 100.242 unidades (40,73%), seguida de automóvel com 87.952 unidades (35,73%), caminhonete com 19.242 unidades (7,82%) e motoneta com 17.075 unidades (6,94%), acumulando, um percentual de 91,22%, portanto, um pouco aquém do Estado. No contexto nacional, visualiza-se uma discreta alteração de posições dos veículos matriculados, 1.035.373 unidades.
O automóvel situa-se na vanguarda do quantum matriculado com 490.903 unidades (47,41%), seguido de motocicleta com 256.060 unidades (24,73%), caminhonete com 99.221 unidades (9,58%) e motoneta com 65.973 unidades (6,37%), acumulando, um percentual de 88,09%, portanto, aquém do Estado e do Nordeste. No período de janeiro a março de 2015, a participação do Estado no cenário regional foi de 7,77%. No âmbito nacional, o Estado participou com 1,85%.
PREVIDÊNCIA PAGA R$ 1,3 BI EM TRÊS MESES NO ESTADO
No primeiro trimestre do ano foram pagos no Piauí R$ 1,3 bilhão em aposentadorias e pensões, enquanto em igual período o ano passado foram gastos R$ 1,1 bilhão representando um crescimento nominal de 14,37%. O aumento é explicado pela concessão de novas pensões e aposentadorias que somaram 3.107 nos três primeiros meses de 2015.
Com esse acréscimo o Piauí alcançou em março 596.384 benefícios, atingindo um crescimento de 4,24% em relação a igual período do ano anterior. Em consequência, isto resultou em um significativo valor mensal de R$ 460 milhões. "Este relevante 'colchão social' diminui, evidentemente, o impacto de crise econômica e da sua percepção por parte da população", aponta o levantamento da Fundação Cepro.
EXPORTAÇÕES ATINGEM US$ 24 MILHÕES, ALTA DE 18,78%
EXTERIOR
As exportações do Piauí alcançaram US$ 24.227.784, incremento de 18,78% em relação a 2014. Os principais produtos da pauta de exportações foram Ceras Vegetais (US$ 14.161.451), Soja (US$ 5.502.889), Mel (US$ 1.591.279), Algodão (US$ 1.139.745) e Quercetina (US$ 631.425). No país, os melhores crescimentos foram: Acre (112,08%), Maranhão (65,06%), Piauí (18,78%) e Tocantins (0,52%).
O destino das exportações piauienses são União Europeia (US$ 8.940.033), Ásia (US$ 6.537.870), EUA (US$ 6.387.434), África (US$ 1.120.711) e Aladi (US$ 643.892). Os Estados Unidos é o principal importador da produção piauiense tendo acumulao US$ 6,3 milhões, seguido da França com US$ 4,8 milhões e a China com R$ 3,4 milhões. Esse último teve uma variação positiva de 113% em relação ao mesmo períoo de 2014.
Uruçuí foi o município piauiense com maior volume de exportações no primeiro trimestre do ano somando US$ 6 milhões em algodão sem caroço; o desempenho é seguido de perto por Campo Maior que exportou US$ 5,5 milhões em ceras vegetais e Parnaíba que atingiu US$ 3,6 milhões em couros, peles e ceras vegetais. A região Nordeste apresentou crescimento de 6,51 nas exportações, enquanto as demais regiões tiveram desempenho negativo.
ENERGIA CHEGA A MAIS DE 1 MILHÃO DE CASAS NO PIAUÍ
Consumo
O consumo de energia elétrica, no primeiro trimestre de 2015, cresceu 5,78% em relação a 2014. O destaque fica por conta da expansão do número de consumidores residenciais que alcançou 1 milhão de assinantes. Assim, é possível afirmar que a universalização da oferta deste serviço foi alcançada no Piauí.
O número de consumidores de energia elétrica no Piauí alcançou 1.153.958 clientes, com um acréscimo de 40.911 novos consumidores.
O Piauí tem hoje 1.015.165 ligações residenciais, 84.401 comerciais, 30.183 rurais, 14,207 ligações para o poder público, serviços públicos tem 5.925 ligações, e a indústria soma 3.521 consumidores no Estado.
PIAUÍ MANTÉM ÁREA PLANTADA, MAS PRODUÇÃO CRESCE 22,4%
Agricultura
Na agricultura, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) referente a março, com a previsão de novo recorde da safra agrícola do Piauí. Desta forma, a safra deverá atingir 3.385.710 toneladas de grãos, o que corresponde a 22,4% de crescimento em relação à safra de 2014.
As fortes variações observadas são explicadas pela decepcionante safra de 2014 que foi impactada pelo período de seca. As novas estimativas de produção de grãos no Estado confirmam a crescente importância do cultivo de milho e soja em relação à produção total. Essas duas culturas já representam 92% do volume total de grãos produzidos no Piauí.
A área plantada de grãos no Piauí ficará praticamente estagnada em 2015, no comparativo com o ano de 2014. Serão cultivados grãos em 1.370.609 hectares. Com relação aos dois cultivos mais significativos, destaque para o crescimento da área dedicada a soja (+ 6,0 %) e a redução de 1,7% na relativa ao milho.
O arroz ocupa o 3º lugar em volume produzido no setor agrícola do Piauí. Nessa safra, a queda da produção foi provocada pelo veranico em janeiro do corrente ano, além da redução das áreas plantadas dos projetos agrícolas, em função da alternância das culturas.
Há previsão de colher 138.902 toneladas em 2015, queda de 3,7% em relação ao ano anterior. A área plantada, segundo o levantamento do IBGE, será de 82.071 hectares, retração de 21,9%.
COMÉRCIO VAREJISTA CAI MENOS QUE MÉDIA DO PAÍS
Varejo
A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) apontou que o Comércio Varejista do Piauí registrou queda de 0,8% no primeiro bimestre em relação ao mesmo período do ano passado, sendo que o Brasil atingiu retração de 1,2%. No mês de janeiro ocorreu incremento de 2,4%, superior ao índice nacional, que atingiu 0,50%.
Embora o comércio varejista tenha apresentado desaceleração em seu ritmo de crescimento, o movimento é visto como algo temporário, que não representa o real momento vivido pelo setor no Brasil. "A tendência de alta na qual o varejo está desde 2003 parece longe do fim", diz Jankiel Santos, economista-chefe, e Flávio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank.
O Comércio Varejista Ampliado do Piauí, que inclui ao varejo tradicional os segmentos de construção civil e veículos, encerrou o primeiro bimestre com uma retração de 5,4%, enquanto o Brasil apresentou queda maior (7,5%). No mês de janeiro, no Piauí, ocorreu queda de 2,6%, em face da extinção do IPI para veículos de modo geral.
CRÉDITO - O número de consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) de Teresina caiu 8,76% no primeiro trimestre. A inadimplência do consumidor teresinense registrou no mesmo período queda de 9,66% e a retirada de nomes de clientes do SPC cresceu 10,05%. Em números absolutos, essa variação correspondeu saldo positivo de 11.212 consumidores que se tornaram adimplentes junto ao SPC de Teresina.